sexta-feira

Política à portuguesa: da braçologia à sinaléctica

A política deve ser pura. Como a água. Incolor, inodora e insípida. Ontem Manuel Pinho, no Parlamento, caíu no erro de caracterizar eficientemente a conduta crónica e doentia do pcp e be - que se permitem prometer tudo e o seu contrário (porque jamais serão poder) e, de caminho, mandar umas bocas tão foleiras quanto provocatórias com o fito exclusivo de irritar o corpo ministerial alí presente levando-o a dizer coisas que o fazem perigar junto da opinião pública, sempre ávida em ditos & mexericos de pequeno, médio e grande porte.

Ontem Pinho excedeu-se, fez uma chifrada para certa oposição mais retrógrada e estalinista e demitiu-se. Foi o desfecho lógico daquele gesto. Aqui há uns anos um ex-ministro do Ambiente de Cavaco silva também contou uma anedota sobre alentejanos e no do termo da mesma também tinha deixado de ser ministro. Acontece.
Nesse contexto da "braçologia" ou da sinaléctica gestual pergunto-me o que apetece dizer aos portugueses quando:

    • Vêem Cavaco ir em socorro da sua pupila, a srª Ferreira, sempre que ela precisa de auxílio na política doméstica!?

    • Olham para Anacleto Louçã esganiçado e de dedo em riste prometer o paraíso na terra, pugnando pela eliminação dos impostos com aquele tique de esquerda-caviar que até usa Lacoste;

    • Notam que o camarada Jerónimo de sousa ainda não conseguiu introduzir uma vírgula inovatória em relação aquilo que tem sido a cassete do século legada por Álvaro Cunhal, escaparam as pinturas e alguns livros..;

    • Notam em Portas as riscas das camisas e a cor das gravatas que tem de fazer sempre o joguinho sujo de saber com quem tem que se coligar em véspera de eleições: se com o PSD ou o PS. Razão tinha Freitas do Amaral quando defendia que o CDS era um partido do centro, com a bolinha ao meio equidistante dos dois grandes.
    • Dos Verdes nem se fala, em rigor não são verdadeiramente democráticos nem legitimidade política têm para estar no Parlamento, pois não passam duns apéndices do PCP, são verdes por fora mas vermelhos por dentro.

Muito provavelmente, aquilo que os portugueses desejariam fazer à generalidade da classe política, e não apenas ao escol governante, era um bom manguito à zé povinho, só para evocar aqui o grande e genial Rafael Bordalo Pinheiro - cuja fábrica de faianças foi, curiosamente, salva pelo próprio ministro da Economia que ontem se demitiu.

E aparte umas expressões infelizes na China - até se revelou um ministro incansável para modernizar o tecido económico nacional, arrancar com as energias renonáveis e reformar outros sectores que há décadas estavam inertes.