quinta-feira

Sócrates dominou o país mediático. Nem a "morte" da líder da oposição provocaria tanta mediatização, credo!!!

Sócrates relembrou que foi Durão Barroso, em 2004, quem tentou pôr de pé o projecto do TGV, ainda por cima com 5 linhas de ligação de Portugal a Espanha, não implementou nenhuma e meteu o projecto na gaveta por falta de envergadura política e uma desmedida ambição por capturar o lugar de Presidente da CE com a ajuda de G. W. Bush, Aznar e Blair na fatídica cimeira dos Açores. Socas fez bem em recordar o episódio esta noite escavacando o "Porreiro, pá" do Tratado de Lisboa com a Resol. do Conselho de Ministros n.º 83/2004 nas mãos. Já o deveria ter feito...
No domínio da acção do Estado é manifestamente objectivo que o PS se distingue do PSd pela afirmação das funções económicas e sociais do Estado, e desenvolve essa praxis política através do legado de J. M. Keynes e do efeito multiplicador que o investimento - por intermédio do investimento do Estado na economia - hoje assegura - ante o deserto e a retracção de investimento do sector privado na economia. Portanto, o Estado é, inevitavelmente, o motor da economia e o dinamizador da acção económica e social.
Mais investimento, melhor qualificação nas pessoas, mais educação, mais energias renováveis, uma nova geração de políticas sociais a fim de combater a pobreza, o desemprego e a marginalidade - serão as apostas no futuro próximo.
Por isso, Sócrates fez bem em fazer algum mea culpa - deixando a promessa de que a cultura não será o parente pobre de um próximo governo. Esperemos que, nas legislativas, com uma menor taxa de abstenção que ainda baralha os cálculos dos políticos e das empresas de sondagens em virtude da incerteza e complexidade crescente em que se transformou o tecido sociológico na sociedade portuguesa.
Ricardo Costa é lúcido, rebelde e inteligente e com um significativo poder de síntese. Poderia ser um bom académico, converteu-se num eficiente jornalista político. Um dos melhores em Portugal. Explicou com alguma graça as origens da preparação do TGV em Portugal na Figueira da Foz, para concluir, e bem, que os espanhóis - fazendo o TPC - provaram, por contraste, que os portugueses apenas tinham preparado uma "mão cheia de nada" em matéria de trajectos com vista à ligação de Portugal ao comboio de Alta Velocidade no quadro da rede de transportes europeia.
Ricardo tem provado ser tão bom a fazer análise política como o seu irmão, António Costa, a gerir o município de Lisboa, apesar do imenso passivo herdado ao tempo de Santana.
José Adelino aparece aqui bem-disposto e em boa forma intelectual - para referir - talvez a melhor caracterização da noite do PSD: entra Rangel, entra Aguiar-Branco, entra Mota Pinto, Manela fica calada... Só faltou dizer: entra o António preto...
Aposto que a Manuela estava a dar a mamada da noite ao netinho ou a fazer o famoso bacalhau espiritual.
De facto, esta dança das aparições na "moviflôr" da Lapa reflecte bem o desnorte do actual PSD, apesar da vitória de pirro nas europeias que permitiu ao PSD meter mais um eurodeputado do que o PS.
Qualquer dia ainda veremos o António preto a servir de porta-vox à Manela através duma conferência de imprensa no CCB - fazendo a apologia do TGV ligando Portugal a Espanha através de 12 linhas - com a srª leite no fundo da sala a bater palmas.
Enfim, tudo é possível na política à portuguesa...
Mas o Ricardo tem razão quando diz que Sócrates poderia hoje estar melhor acompanhado, não estando resta-lhe ser o "pára-raios" de todos os conflitos e tensões no sistema político português e continuar sózinho a caminhada pela estrada fora... fazendo pela vida.
No fundo, cada um terá de pedalar a sua própria pasteleira.
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Jorge Palma - Canção de Lisboa