quinta-feira

Entrevista de Paulo Portas a Judite de Sousa na RTP

De uma maneira geral, tanto faz ler o jornal de hoje como o da semana passada. E nem mesmo quando eles aumentam de preço as notícias melhoram.
Foi com base nestes pressupostos que vi a entrevista, porventura a pior que Portas deu a uma televisão. Porventura, também nunca uma jornalista-entrevistadora dificultou tanto a tarefa ao entrevistado como Judite a Portas.
Terá sido de forma premeditada ou espontânea...
Entre ambos há uma química de "amizade dolorosa" que se percebia à légua e Judite - ao não receber respostas directas e objectivas de Portas - retorquia com sobreposição de perguntas e mais comentários.
Resultado: salganhada. É um assunto para arquivar.
No Verão quando se confirmar a natureza do partido-smart que é o cds - também se ficará a dever à jornalista Judite de Sousa.
No fundo, falamos do CDS - um partido de prestação de serviços que ora passa recibos verdes ao PSD ora os passa ao PS, para cavalgar o poder. Embora Portas fale de honra, valores e muitos, muitos pergaminhos... Tudo para inglês ver.
E o que irrita Portas é ter de reconhecer que Freitas do Amaral tinha razão - ao defender a bolinha do logos do partido, revelando a sua equidistância do PS e do PSD, mas que, afinal, coloca o cds naquele movimento pendular que o obriga a coligar-se com um ou com outro, consoante as circunstâncias e os interesses da conjuntura.
Portas é líder dum partido que faz lembrar aquela mulher que para ganhar a vida tinha de ir com quem pagasse. Eis o preço a pagar de um partido de franjas, com baixa expressão socioeleitoral e que vive, em grande medida, do protagonismo mediático do seu líder. Que nunca respeita nada nem ninguém quando quer ardentemente o poder. Lembremos a forma canalha como Portas depôs Ribeiro e Castro da liderança.
Talvez por isso Portas tenha tido dois momentos de dificuldade na vida: quando Durão Barroso foi para Bruxelas, deixando o cds "descalço" no poder com Santana, a prazo; e hoje, com a entrevista a Judite de Sousa - que manifestamente foi para o estúdio com o objectivo de cilindrar Portas, e conseguiu.
Aquilo mais parecia um ajuste de contas entre dois jornalistas que marcaram um duelo.
Resta a Portas rezar para que o cds não desapareça do mapa eleitoral nacional.
Lugar para mais jornais em Portugal também é problemático.