sábado

O PSD de Ferreira Leite não é um partido, é um "albergue espanhol" em guerra civil

Santana Lopes não desempenha cargos de relevo no partido, mas comporta-se como se fosse o chefe de banda num coreto improvisado na Lapa, imprimindo na agenda as preocupações que devem modelar o debate político, designadamente rever a agenda das eleições europeias, autárquicas e legislativas, uma preocupação que deveria ser racionalizada por Ferreira leite, actual presidente do psd. Na prática, algo diferente sucede, revelando que leite não lidera coisa nenhuma, apenas anda a reboque não apenas das circunstâncias, mas também daquilo que os líderes recalcados do seu próprio partido dizem à margem da liderança (fragmentando-a ainda mais). Mais uma vez Santana pensa o PSD à luz do seu próprio interesse ante um Passos Coelho demasiado discreto (temerato). Quanto a Ferreira Leite - quando aparece sai asneira, quando hiberna ninguém sente a sua falta.
Ferreira leite vai à Basílica da Estrela reiterar uma novidade por ocasião dos 28 anos volvidos sobre a trágica morte do então PM: Francisco Sá Carneiro foi o fundador da social democracia. É curto. Pensamos que a personalidade de Sá Carneiro merecia uma outra evocação, mais condigna e à altura da sua estatura pessoal, intelectual e política. Ao "ouver" Manela Ferreira leite debitar lugares-comuns sobre Sá Carneiro lembrei-me que até o António Preto (o afilhado de manela) poderia fazer a biografia de Winston Churchil e do Gen. De Gaulle. Quer num caso quer noutro a injustiça é gritante para os homenageados. Mas é assim que este psd trata a história. A sua estória... Portanto, ninguém os pode levar a mal quando dizem o que dizem do Governo em funções.
A gazeta dos deputados do PSD revela o "brio e responsabilidade" com que cumprem as suas funções parlamentares. O Natal, no fundo, é quando o homem quiser. O Natal dos deputados do PSD traduz uma ideia muito clara: nem os deputados acreditam na srª Leite. Agora só falta apurar se a sua deserção prematura não se fica a dever às prestações da líder que têm. A avestruz quando vê o leão também exerce a sua fuga metendo a cabeça na areia. Há fugas e fugas... Nuns casos o destino é o Brasil, noutros a fuga não passa dum simulacro. Devolva-se a questão aos 30 deputados faltosos do PSD, e promova-se os respectivos descontos na sua folha de salários. Mas por vezes as presenças ainda revelam ausências maiores.
Nem tu Brutus. Ninguém gosta da Manela... Meneses faz mesmo tiro ao alvo com a Manela. Digamos que a Manela está para Meneses como aqui há 20 anos os ex-ministros de Cavaco estavam para o então director do Indy, Paulo Portas: alvos a abater. Ou, para dar um exemplo mais recente, Louçã está para o camarada Jerónimo.
Confesso que gostaria de ter uma única razão para soltar um elogio à srª Ferreira Leite, mas até o título desta narrativa esteve para se designar crónica duma morte anunciada.
Como última nota, creio ter chegado o momento de Meneses, Santana, Mendes, Marcelo, Durão (a partir de Bruxelas, pode ser por video-conferência) darem as mãos e ajudarem a Manela a sair de cena de forma condigna. Nada fazer é deixar a srª entregue aos leões do psd, que é hoje um saco de gatos que quer fugir, só não sabe para onde nem com quem.
Digamos que o psd é hoje um continente sem território, uma estória sem narrativa, um corpo disforme sem alma, o novo albergue-espanhol da Lapa. E isto é mau não só para o psd, como também para o país, para o PS e o governo - e para o conjunto da nação.