segunda-feira

Análise das eleições nos Açores por António Vitorino e Marcelo de Sousa -

Foi uma avaliação interessante, como era expectável pela qualidade dos intervenientes. Ambos passaram em revista os temas de actualidade nacional e internacional, com destaque para as eleições dos Açores (que deu uma vitória esmagadora a Carlos César e ao PS e aos açoreanos) e às eleições nos EUA - que registam uma vantagem considerável para Obama, curiosamente o candidato mais novo na contenda eleitoral. Diria até, que McCain quase poderia ser pai-avó de Obama - embora a idade seja uma razão de somenos em política, já não o é no desporto.
De somenos ou não - e passe a analogia, António Vitorino - que segundo um rapaz do BE que integra o programa Eixo do Mal cujo nome me escapa - há dias dizia que que AV não tem opiniões, por contraponto a Marcelo. É, de facto, verdade. Marcelo é uma fábrica de opiniões, AV produz mais análise, o que no jogo analítico da busca da verdade, da objectividade, da imparcialidade e do rigor na esfera do chamado comentário político - AV bate Marcelo, ainda que a comunicação em registo teatral de Marcelo sugira o contrário.
Vejamos um exemplo comesinho que ratifica, na prática, esta asserção: a dado passo Marcelo - que concordou mais com Vitorino (sem que este tenha de concordar com aquele) - manifestou reservas à forma como o OE/2009 foi feito. Marcelo acha que se trata dum budget que já estava feito desde a "Prima-Vera" e que, portanto, tudo já estava cozinhado no grande caldeirão de João Ratão - personificados nas figuras de Sócrates e Teixeira dos Santos, ministro das Finanças.
So far, so good. O problema é que António Vitorino teve de explicar a Marcelo algumas regras da ciência económica de que Marcelo parece ter-se esquecido. Com efeito, o OE há muito que já estava sendo preparado, como todos, mas o problema é que a alta do petróleo e o turmoil nos mercados financeiros com a alta taxa de juro e o cancro do sub-prime - obrigou a refazer todas as continhas que Marcelo tinha por adquiridas no panelão cifrónico de Teixeira dos Santos. Isto foi surpreendentemente na previsão analítica de Marcelo, tanto mais que ele já ensinou Economia, e não perceber que uma conta/orçamento uma vez feita jamais poderá ser revista - sobretudo na conjuntura instável e errática que hoje o mundo vive - é não perceber a razão pela qual não há almoços grátis.
Depois ambos falaram de Santana, que é o novel "Plumber" (o canalizador à portuguesa) de Ferreira leite (que também não reza a história), mas AV acabou por não perdoar, e apesar de ser mais novo e assumir alí o papel de Obama - perante um McCain - ou seja um Marcelo mais velho - que descurou algumas regras de ciência económica - lá disparou mais um missil:
- Hoje ninguém ex-catedra consegue fazer um Orçamento sem que o mesmo depois seja revisto ou acolha ajustamentos necessários em função das alterações das próprias variáveis económicas.
Pergunte-se a Marcelo se conhece os Fundamentos de Economia..., perante o respeito irrepreensível da "matriz judaico-cristão" com que o mais novo (AV) dialogava com o mais velho (MRS).
Ainda que aqui o costume tenha sido subvertido, posto que as maiores lições de sabedoria brotaram do mais novo e não do mais velho.
Sinais dos tempos...
Recebi estas linhas por mail e achei-as tão curiosas quanto interessantes, embora não fossem novidade para mim.
"Interessante a análise que fez aos comentários em simultâneo do AV e do M. às eleições dos Açores. Foi muito esclarecedor termos tido a oportunidade de ver e ouvir, sobre as mesmas questões, o que um e outro tinham a dizer. Lembro-me daquele anúncio que apareceu há muitos anos atrás sobre o Omo e o Teed em que apareciam uns lençóis lavados com um e com o outro e o locutor perguntava:
Comparou?
Ontem, tivemos, finalmente, a oportunidade de comparar e a diferença foi perfeitamente perceptível e ajudou, no seu blog, a torná-la mais visível para todos. Foi um bom trabalho."
  • - Cabe-me agradecer ao autor o envio deste mail que aqui tive gosto em republicar, ao qual adiciono só mais uma nota num português corrente: o tempo dos papalvos já lá vai...