terça-feira

O exemplo de Moçambique...

Apostar em Moçambique é um imperativo ético, histórico, cultural e político. Ao invés de Angola, imenso país rico em matérias-primas estratégicas, Moçambique, na contra-costa africana - banhada pelo Oceano Índico, é um país de recursos naturais modestos, e sofreu com a guerra civil após a independência. Mas teve uma particularidade: soube reconstruir-se política e democráticamente, apaziguadas as motivações bélicas de Renamo e Frelimo, e o facto de o país não dispôr de ouro negro nem diamantes (como Angola) talvez tenha ajudado ou contribuído para esse resultado democrático, apesar de ser uma economia débil e fortemente vulnerável ao mais pequeno choque de preços, como se viu com o recente aumento dos combustíveis que gerou um levantamento popular nas cidades.
Por outro lado, e no domínio da actuação dos agentes políticos, Chissano deixa a presidência em 2005, substituído pelo actual PR - um grande empresário - Armando Guebuza. Também aqui Moçambique faz a diferença relativamente à clique militar e política corrupta que tutela o regime em Angola - que ainda persegue jornalistas, não tem uma verdadeira separação de poderes e as eleições, como diz Eduardo dos Santos, são qualquer dia.
Hoje resta saber como pôr em prática um plano integrado de cooperação cultural, económico e político que vá para além da tradicional cacofonia inerente às velhas e gastas narrativas duma lusofonia que nunca passou do papel.
Talvez o Brasil ajude..., já que também adoptou a nossa língua comum e hoje, para se vingar, exporta novelas.