domingo

Os escolhos de Marcelo...

Marcelo e os livros...
Marcelo continua em forma, e isso viu-se logo pela sua declaração inicial: é Republicano, fez-me lembrar Soares quando dizia que era laico e socialista...
D. Carlos foi um rei cosmopolita, consistente na política externa e nas relações internacionais, fraco na gestão das questões domésticas. Lançou os estudos oceanográficos.. O que ficamos a saber da monarquia pela alta-vox do analista. Amazing...
Depois veio a remodelação a que chamou "tapa-buracos", para a distrinçar da remodelação feita dor Cavaco há quase duas décadas, e conclui: "afinal eles são diferentes", i.é, não são iguais - eis um argumento à lili-Caneças.. Mais uma tirada brilhante de Marcelo. Que ficou satisfeito por ter ajudado a meter fora do governo o ministro da Saúde. De Pinto Ribeiro, na Cultura, pouco ou nada disse de relevante, senão que o homem está alí para fazer política e ajudar Sócrates a ganhar as eleições em 2009. Podia, ao menos, ter salientado a cultura jurídica de Pinto Ribeiro, o facto de ser um homem da sociedade civil, alguém capaz de criar projectos e dinamizar sectores importantes da sociedade, uma pessoa com valor e não um "boy", mas não. Marcelo gosta de secar tudo em seu redor, como os eucaliptos.
Por isso, quando salta para política fica isolado, sem amigos, sem apoios e cai por falta de função. Perde-se um génio daqueles. I.é, perde a República, certamente!!!
Depois sobreio a baboseira da noite: a "intimidade", sim a intimidade como critério de recrutamento político!!! Ou seja, segundo as doutas palavras de Marcelo, Socas não remodela na vertical, i.é, à Cavaco, porque tem intimidade com os seus ministros, por isso sente dificuldade em ver-se livre deles na hora "h". Por isso, Isabel Pires de Lima saíu, Mário Lino fica.
Aqui lembrei-me do velho "botas", António Oliveira ou até mesmo de Marcello Caetano.. Será que estes também tinham "intimidade" com os seus ministros, ajudantes, colaboradores e conexos, como governadores coloniais?! Seguindo o argumento translúcido do analista concluímos que o ditador dispensava todos aqueles com quem não bebia chá, restando-lhe apenas acesso à D. Maria, então governanta de Salazar - que morreu na miséria; ao invés, com aqueles de que gozava de intimidade mantinha-os nos cargos oficiais.
Mais do que este transfer psicológico que o analista projecta no actual PM, quer-me parecer que este foi o método de Marcelo quando dirigiu o PSD em 1997, e seria aquele mesmíssimo método ou critério que seguiria caso algum dia, de nevoeiro, certamente, viesse a sentar-se no cadeirão de S. Bento... Deus nos livre. Ou seja, Marcelo está a ficar muito subjectivo, muito parcial, muito ofuscado, muito "íntimo" da asneira!!!
Dando até a entender que António Vitorino já sabia da remodelação em curso. Mas como foi a Flôr Pedroso que lançou a dúvida, Marcelo aproveitou-se logo - cínicamente - como é seu timbre - para fazer uma manchete com as palavras da jornalista. Mas quem já conhece o ex-director do Expresso, mestre da intriga palaciana, fácilmente concluíria que à entrada para a régie Marcelo alvitrou essa para o ar, Flôr Pedroso, ingénua ou para querer agradar (ou ambas as coisas), apanhou-a e depois apenas fez o favor ou o frete (depende) de lhe dar eco em directo. É tão simples que se tornaria desnecessária esta explicitação. Embora qualquer português informado se convencesse de que uma remodelação estaria em curso. Nesta óptica, até eu a adivinhei. Como adivinhei que Marcelo não se aguentaria muito tempo à frente do PSD no séc. XX.
Relativamente a mais esta tirada do jornal de Belmiro ela consiste, tão somente, em limitar o espaço de acção do PM e produzir mais um assassínio de carácter, na sequência da UnI. Aqui Marcelo sublinhou a doutrina do MP (que acha ilícito o procedimento) e não seguiu o parecer de Paulo Otero (seu ex-aluno) que não viu nenhuma incompatibilidade naquelas práticas.
Mas se os tribunais e as neocensuras de serviço do III milénio fossem vasculhar o passado de todos e de cada um de nós nas últimas décadas, aposto que ninguém escaparia. Conheço até um ex-ministro de Salazar que costumava apagar as pontas dos cigarros nas portas dos carros oficiais de que se servia. Muitas deles frequentavam a casa da Genoveva e tinham hábitos hoje moralmente censuráveis - num tempo em que a pedofilia ainda era tabú, e alguns (outros) altos quadros e embaixadores do ancien regime suicidaram-se em Paris.. Pecados e pecadihos todos os temos, depende é do uso político que lhes damos.
É que nós, os homens, não somos anjos, presumo que também não somos bestas. Mas entre uma coisa e outra pergunte-se a Marcelo se antes de fazer os seus comentários também se faz acompanhar de alguns conselhos das Agências de Comunicação, as mesmas que tentam ajudar o ventrícolo de Gaia a sair da cêpa torta.
Depois de ouvir hoje o analista fiquei com a sensação de que caído Meneses, nada valendo Portas e Telmo (pelos actos de corrupção em que se deixaram embrulhar nos últimos dias do governo do trâsnfuga Durão barroso), completamente descredibilizado Santana - resta ao Psd, de novo, recrutar Marcelo para combater Socas em 2009.
Depois então veremos que critérios o analista desenvolve para capturar o poder e governar..., as ondas da praia do Guincho.
PS: O problema de Marcelo chama-se Cavaco, que irá fazer um 2º mandato...