sexta-feira

O ambiente aqueceu na Gulbenkian. E não foi por causa do petróleo...

Esta tarde soprava uma brisa misturada com smog e nevoeiro. Era o Emílio Rui Vilar a deitar fumo pelos ouvidos a partir da Gulbenkian - entalado que estava entre Soares e Socas. Hoje parece que concordaram em discordar, o que também é saudável. Entretanto, desconhecemos se o barril de petróleo voltou a bater o récord...
Lisboa - «Os desafios do desenvolvimento - as dinâmicas sociais e o sindicalismo», é o título da conferência promovida pela Fundação Mário Soares na Fundação Calouste Gulbenkian, da qual foram intervenientes José Sócrates e Mário Soares, entre outros.
O ex-Presidente da República Mário Soares classificou de excessivas as privatizações feitas pelo governo e mostrou-se contra o recurso aos privados para fazer trabalhos do Estado, palavras que motivaram o desacordo do primeiro-ministro, José Sócrates
Mário Soares, referindo-se à crise nos Estados Unidos e à guerra no Iraque como exemplos do mau caminho que está a ser seguido, afirmou que «Porque se torna evidente, por toda a parte, e em todos os continentes, que o economicismo neo-liberal nos está a conduzir para um desastre de imprevisíveis consequências».
Na sua intervenção, o ex-Presidente defendeu o modelo social europeu, a necessidade de ter Estados fortes e criticou o que considera ser o «excesso de privatizações», «Agora, acho que há excesso de privatizações e que se tem criado o hábito de recorrer a empresas privadas para fazer o trabalho que aos serviços do Estado incumbe. Por que preço? E com que lucros? Podendo chegar a retirar ao Estado as alavancas necessárias para as alterações que se imponham».
José Sócrates, que falou a seguir a Mário Soares, fez um discurso de 50 minutos, de improviso, vincando as diferenças entre uma «esquerda aberta às mudanças» e uma esquerda «fixista e conservadora», assegurando que «as privatizações que foram feitas foram as adequadas».
O Primeiro-ministro também afirmou que reconhece a importância do sindicalismo, mas alega que fazem falta sindicatos livres, de outros interesses que não sejam os dos trabalhadores, sublinhando que ao Governo compete defender o interesse geral e não das corporações.
Em declarações aos jornalistas, José Sócrates disse estar «completamente de acordo» com Mário Soares sobre a defesa do modelo social europeu, «Ambos queremos um modelo social europeu que não deixe ninguém ficar para trás e que possa dar mais oportunidades a todos», afirmo.
Quanto ao «excesso de privatizações», mencionado por Mário Soares, Sócrates afirmou que achya que «as privatizações que foram feitas foram as adequadas. Genericamente, em termos de peso do Estado na economia, não encontro nenhuma razão para crítica».
Obs: Repita-se a conferência agora na Fundação Mário Soares seguida de mais um ciclo no CCB de Joe Berardo.