sexta-feira

Sócrates tomou uma decisão fulgurante

Por razões de segurança e de carácter ambiental o PM destaca a opção do Campo de Tiro de Alcochete para a construção do novo aeroporto internacional de Lisboa. Mas o que é mais relevante neste processo do ponto de vista político (e politológico) são os seguintes factores:
1. A velocidade com que o anúncio da decisão preliminar é feito, quando ainda ontem se soube o resultado do estudo do LNEC. Será que Socas leu todo o doc. de quase 400 págs... Se fosse o Marcelo diria que sim, mas esse não dorme e mente.
2. A forma como se respaldou na decisão: razões de "segurança e ambientais", foi inteligente na medida em que se defendeu bem;
3. E a forma como reabilitou um nado-morto deste governo: o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, por quem tenho imensa simpatia por ter criado a metáfora mais criativa do ano de 2007 que meteu o País a rir e a blogosfera a surrealizar.
Agora o "deserto" de Mário Lino transfere-se para a Ota - onde nenhum ministro ou secretário de Estado deve aportar, sob pena de ser recebido a tiro de caçadeira de canos cerrados pelos indígenas. Ou então à catanada, seguindo o método queniano...
Esperemos agora que o governo mande tirar o Campo de Tiro de Alcochete para que os aviões (e os passageiros) não levem com umas balas perdidas.
Numa palavra: dantes tínhamos aviões e não tínhamos aeroporto, agora temos ambos. Veremos se vôam alto ou vôam baixinho, junto à relva. Por mim, com o receio que tenho desses pássaros que, por vezes, caem matando todos os passageiros carbonizados a mais de 1000º, se puder irei de barco. Se for caro mando um mail. E se não puder fazer nenhuma dessas coisas, vou a uma casa de vídeo e alugo um filme do país que quero visitar - e evito ter de pensar nos aviões, nos barcos e nos mails.
Há gente assim: são os viajantes-quietos, turistas-sedentários, os sonâmbulos-residentes. Rolam-rolam mas estão sempre no mesmo sítio, donde observam o mundo - que também se encontra no mesmo sítio.