sexta-feira

Acordo Histórico em Lisboa sob a presidência portuguesa

PARABÉNS PORTUGAL, PARABÉNS SÓCRATES, LUÍS AMADO, MANUEL LOBO ANTUNES, ANTÓNIO VITORINO...
19.10.2007 - 00h12 Isabel Arriaga e Cunha
Os líderes dos Vinte e Sete chegaram a um acordo sobre o Tratado reformador da União Europeia que substitui a falhada Constituição Europeia. A luz verde ao documento, que vai chamar-se Tratado de Lisboa, só foi alcançada depois de ultrapassados os problemas levantados pela Polónia e pela Itália, entraves que a diplomacia portuguesa conseguiu transpor. O texto final vai ser assinado na capital portuguesa no dia 13 de Dezembro, às 11h00.
A decisão culmina um processo iniciado em Junho, quando os Vinte e Sete definiram os termos exactos do novo texto, mandatando a actual presidência portuguesa da UE para o traduzir juridicamente num novo Tratado.
Com estas balizas bem definidas, o processo de redacção do texto decorreu a uma velocidade inédita, deixando para a Cimeira de Lisboa os problemas de natureza política de maior dificuldade.
José Sócrates, primeiro-ministro português, avisou antes do início da cimeira que os líderes não sairiam do Pavilhão Atlântico do Parque das Nações antes de chegarem a acordo. “Estamos muito perto de ter um novo Tratado e esse Tratado vai chamar-se de Lisboa”, prognosticou.
Esta mensagem pretendeu constituir uma forma de pressão sobre a Itália e a Polónia, que chegaram a Lisboa com as suas reivindicações intactas.
Ao invés, a exigência da Áustria de limitar a livre circulação de estudantes estrangeiros candidatos às suas universidades, e a pretensão da Bulgária de poder utilizar a denominação “evro” no seu alfabeto cirílico para a moeda única, puderam ser resolvidas antes do arranque da cimeira, às 18h00.
Dois ossos duros de roer
Desta forma, os líderes puderam centrar-se inteiramente nos dois ossos mais duros de roer da Itália e Polónia.
Varsóvia obteve uma vitória sobretudo de apresentação ao conseguir a elevação do chamado compromisso de Ioannina – que permite a um pequeno grupo de países suspender uma decisão – de declaração política a protocolo anexo ao Tratado e com o mesmo valor jurídico. Este protocolo incluirá no entanto igualmente uma outra disposição do processo de decisão comunitário que permite ao presidente em exercício do conselho de ministros da UE pedir a todo o momento a passagem a uma votação.
A inclusão dos dois mecanismos no mesmo texto provoca a sua anulação mútua: os polacos – ou qualquer outro país – podem invocar Ioannina sempre que se perfile uma decisão desagradável, mas isso não impede o conselho de passar à votação sempre que achar que é tempo de encerrar a pausa para reflexão assim aberta.
Varsóvia obteve igualmente uma declaração garantindo-lhe um lugar permanente de advogado-geral no Tribunal de Justiça da UE em pé de igualdade com os restantes “grandes” estados. Esta concessão terá como contrapartida a atribuição de pelo menos mais um lugar rotativo entre os países mais pequenos.
Dos dois, o problema italiano foi o mais difícil de resolver. Romano Prodi, primeiro-ministro italiano entrou na cimeira mantendo a recusa da proposta avançada pelo Parlamento Europeu (PE) sobre a repartição dos seus futuros 750 membros.
A sua recusa resultava do facto de ter um número de deputados (72) inferior aos dos Reino Unido (73) e, sobretudo, da França (74), em resultado das diferenças de população. Esta quebra da tradicional paridade entre os três países não tem sentido, defendeu Prodi, pelo facto de os cálculos terem sido feitos com base na população, quando a referência deveria ser os cidadãos.
O problema acabou por ser resolvido com a decisão de aumentar o tecto dos deputados para 751, de modo a garantir um lugar adicional à Itália. Prodi tinha no entanto começado as discussões dos líderes afirmando que um deputado adicional não seria suficiente, deixando claro que o seu verdadeiro objectivo era a paridade com franceses e ingleses.
O risco inerente à sua reivindicação era uma reabertura das discussões sobre os lugares do PE, o que todos os líderes procuraram evitar a todo o custo, sabendo que nesse cenário, vários outros países – pelo menos a Espanha, Polónia, Irlanda e Eslováquia – exigiriam um aumento da sua quota. O chefe do governo italiano acabou por aceitar a solução proposta, depois de um encontro a sós com Sócrates e com o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
LE MONDE

Les dirigeants européens sont parvenus, dans la nuit de jeudi 18 à vendredi 19 octobre, à un accord définitif sur un nouveau traité censé remplacer la défunte Constitution européenne. Il entrera en vigueur en 2009, sauf accident de ratification.

Les chefs d'Etat et de gouvernement des Vingt-Sept ont mis, à Lisbonne, un point final à une décennie de pourparlers sur l'organisation des institutions de l'Europe élargie marquée par les "non" français et néerlandais à la Constitution, en 2005.

"C'est une victoire de l'Europe. Avec ce traité, nous sommes en mesure de sortir de l'impasse", a déclaré le premier ministre portugais, José Socrates, dont le pays préside pour l'instant l'UE. "L'Europe sort plus forte de ce sommet." "C'est un accord qui donne à l'Union européenne la capacité d'agir au XXIe siècle", a renchéri le président de la Commission, le Portugais José Manuel Barroso.

Nicolas Sarkozy, dont l'arrivée à Lisbonne avait été précédée par l'annonce de son divorce, n'a pas paru le moins du monde affaibli, puisqu'il a déployé la même énergie que lors du Conseil européen de Bruxelles en juin dernier, lorsque les Vingt-Sept avaient défini les contours du nouveau traité. Il a rencontré, en aparté, le président polonais, Lech Kaczynski, et le président du conseil italien, Romano Prodi, qui avaient les réserves les plus importantes sur le texte, avant d'être rejoint par le premier ministre portugais, José Socrates, et son homologue luxembourgeois, Jean-Claude Juncker.

SIGNATURE PRÉVUE LE 13 DÉCEMBRE

EL PAÍS

Tras casi siete años de intentos y fracasos, los líderes de la Unión Europea sellaron esta madrugada un acuerdo que da vida al Tratado de Lisboa. El nuevo texto sustituye a la fallida Constitución y reforma los dos Tratados actuales, el de la Comunidad Europea y el de la Unión Europea. Los Veintisiete encontraron fórmulas para satisfacer a Polonia e Italia, que habían planteado los últimos escollos. Italia logró parte de su reclamación al obtener un diputado más en el Parlamento Europeo e iguala su representación con el Reino Unido, aunque no consigue la paridad con Francia. La distribución definitiva la acordará el Parlamento Europeo en diciembre. El nuevo Parlamento tendrá 750 diputados más el presidente. La solución fue calificada de ?satisfactoria? por el presidente del Parlamento Hans Gert Poettering, quien señaló que ?el Tratado era la prioridad de las prioridades? y agradeció a Italia y a España su contribución al acuerdo?.

A las 2 horas y 12 minutos de la madrugada, el primer ministro de Portugal, que ostenta la presidencia de turno de la UE , anunció el acuerdo. Sócrates afirmó solemnemente ?ha nacido el nuevo Tratado de Lisboa?. ?Es una victoria de Europa, que sale de un impasse de muchos años y supera su crisis institucional?. El presidente de la Comisión Europea , José Manuel Durao Barroso, celebró el consenso y felicitó a la presidencia portuguesa por su extraordinaria determinación y competencia. El nuevo Tratado será firmado en Lisboa el próximo 13 de diciembre. Después se iniciará el proceso de su ratificación en los distintos Estados miembros. La posible convocatoria de un referéndum para su ratificación en el Reino Unido se presenta ahora como el nuevo escollo más serio. Aunque el primer ministro británico, Gordon Brown, asegura que no se celebrará tal consulta, crece la presión de la oposición y en su propio partido exigiendo el referéndum.

También Polonia cedió en sus pretensiones. Su petición inicial de que el aumento de capacidad de bloqueo de los acuerdos quedara consagrada en el texto del Tratado, fue sustituida por un protocolo que garantiza que este compromiso no se eliminará. También consigue un abogado general ante el Tribunal de las Comunidades Europeas de Luxemburgo, igual que los otros cinco grandes países (Alemania, Francia, Reino Unido, Italia y España).

La doble función de Solana

El último asunto que se resolvió fue la decisión sobre el momento en que el máximo responsable de la Política Exterior de la UE , Javier Solana, asumirá su doble función, como vicepresidente de la Comisión Europea, por una parte, y como Alto Representante de la UE y secretario del Consejo. El acuerdo deja abierta la posibilidad de un periodo transitorio. Aunque el Tratado entre en vigor posiblemente en enero de 2009, el Alto Representante no asumiría sus funciones en la Comisión hasta después de las nuevas elecciones europeas en la primavera de 2009 y coincidiendo con la renovación de la Comisión.

La cumbre arrancó entre fuertes protestas sindicales. Cerca de 200.000 trabajadores convocados por la central portuguesa CGTP, afín al Partido Comunista, se manifestaron en la zona de la Expo , donde se reúnen los líderes políticos, contra ?el aumento de las desigualdades en Portugal? y a favor de ?una Europa social, y un empleo con derechos?.

La protesta fue una de las más numerosas celebradas en los últimos 20 años en el país, y comenzó tras la firma de un principio de acuerdo entre representantes patronales y sindicales europeos para flexibilizar ?y modernizar? el mercado de trabajo inspirándose en la llamada flexiseguridad (puestos de trabajo más flexibles pero con más garantías para las personas), a la que se opone la ortodoxa central lusa. El acuerdo fue saludado por el presidente de la Comisión , Durão Barroso, y por el primer ministro portugués y presidente en ejercicio de la UE , José Sócrates, como ?un paso importante para enfrentar un mundo globalizado y cada vez más competitivo?.

Sócrates señaló que la presidencia portuguesa presentará en diciembre una propuesta para ?modernizar el mercado de trabajo según los principios de la flexiseguridad y la Estrategia de Lisboa?, aunque recordó que cada país decidirá si quiere aplicar la flexiseguridad.