quinta-feira

Quatro estações numas horas: a renovação da memória e a liberdade

De tempos a tempos fazemos aqui pequenas reflexões aos labirintos da alma a fim de compreender melhor o funcionamento do ser humano e concluir, no final, que pouco percebemos, salvo o risco, a contingência, a incerteza que nos tolhe. Tudo animado pela lei dos grandes números, ou seja, por vezes quando se pega numa imagem dezenas doutras vêm atrás, percorrendo a geografia dum País-continente como é o Brasil, e de lá tocar na África do Sul, na Europa, no mundo.
Daqui decorre uma coisa básica no Homem: como é que ele se renova?! Viajando, lendo, embatendo no que é diferente, errando.. Sim, porque o erro é uma verdade a aguardar vez, como diria o Vergílio Ferreira, que partiu sem o nobel que foi parar às mãos dum escritor que nem pontuar sabe além de ser um antipatriota depressivo que nenhuma falta faz a Portugal, como é o sô Zé zaramago, o único nobel português que vive em Espanha - para degradação da imagem lusíada no mundo.
Mas regressemos ao essencial: a renovação.., que só se faz pelo acesso à tal LIBERDADE. Mas liberdade de quê e para quê? Da acumulação da memória, dos bens materiais, da compreensão do "outro" e do mundo. Desta forma, creio que só podemos compreender o mundo no presente se não recorrermos sistemáticamente ao método da comparação, que vicia à partida as coisas ou as pessoas comparadas. No fundo, a mente só compreende se não compararmos, ao contrário do que supomos, muito embora só quando compreendemos o peso do passado na estrada do presente, sem distorções (o que é difícil..), é que estamos preparados para avançar na tal "avenida da Liberdade" e encontrar essa tal Renovação.
E o Verão pode ser bom para isso, por força do calor a vontade de trabalhar atinge o grau zero, daí o tempo liberto para exercícios de especulação e de reflexão como este que aqui fazemos, sem qualquer pretensão inovadora.
Dito isto, será razoavel admitir que são as experiências incompletas aquelas que deixam marcas e sinais desafiando-nos a dar uma certa continuidade à memória. Neste jogo da memória embatemos com essas três dimensões do tempo: passado, presente e futuro, mas é o presente aquele que se afigura uma eternidade. Pois à medida que cada experiência irrompe na tábua da memória devemos reflectir sobre ela e, se possível, ampliá-la. Percebendo o jogo de prazer e dôr, identificações e valorações, apesar de todas as diferenças existentes entre as pessoas.
Ou seja, a renovação - presente nessa tal busca da Liberdade - que deve ser a melhor palavra do diccionário - ocorre quando tivémos uma experiência completa mas, especialmente, quando essa mesma experiência ficou a meio, ou nem sequer iniciou.
É óbvio que isto obriga-nos a olhar para a realidade com olhos de lince e estar preparados para viver as quatro estações do ano num único dia, ou numas horas, o que também nos ajuda a ficar libertos do peso da memória e daquele velho esquema da comparação com base no qual julgámos compreender (sempre) tudo.
Andámos enganados uma eternidade...