quinta-feira

A reforma da Justiça em Portugal através dos radares da Marina

Aqui há uns anos valentes um senhor chamado Alexis de Tocqueville - sob pretexto de estudar o sistema prisional da América foi, verdadeiramente, compreender como funcionava o sistema político norte-americano, as suas leis, instituições e costumes. A história é conhecida, dessa viagem resultou uma obra-prima de filosofia política que se traduziu na Democracia na América, ainda hoje uma luz na razão de todos nós. Portanto, houve um pretexto que ocultava uma razão essencial - que acabou por sobrepôr-se ao pretexto, que logo se dissolveu.
Por analogia, vejamos o que se passou na Lisboa de Marina com a entrada em funcionamento destes radares caça-multas - que agravam ainda mais a carestia de vida das pessoas e não são garante de diminuição da sinistralidade rodoviária. Temos uma vereadora que pretende diminuir a sinistralidade rodoviária urbana. E a medida correctiva para eliminar esses acidentes acumulados são os radares que colonizaram Lisboa. Cujo método e tecnologia devem comportar o expediente mais científico para serenar comportamentos humanos em contexto de condução e levar a paz à cidade.
Nesta óptica, a srª vereadora do pelouro da Mobilidade entende que a radiografia instantânea é o melhor expediente para intervir na cidade e prevenir acidentes e trazer um novo clima de segurança na cidade de Lisboa. Só que, consabidamente, o número de multas disparou para a ordem das 2 ou 3 mil multas diárias registadas por esses radares, e os Tribunais - que sempre foram o parente pobre dos órgãos de soberania em Portugal logo aproveitaram para vir a terreiro defender que - neste contexto de grande fluxo de multinhas para pagar - os ditos tribunais precisam de melhores instalações, mais modernos equipamentos informáticos, mais pessoal qualificado e, já agora, melhores remunerações com pagamentos das horas extraordinárias para ordenar todas aquelas multinhas transmitidas pelos garbosos radares que obedecem ao ciclo e ao estado de esprit da srª Marina.
Com isto pretende-se sublinhar o seguinte, por analogia ao pretexto de Alexis de Tocqueville: sobre pretexto de montar os radares em Lisboa para prevenir a sinistralidade, o que a srª vereadora da Mobilidade pretende é coadjuvar o governo na Refoma da Justiça em Portugal.
E vai conseguir, pois os acidentes não páram, as multas também não mas os Tribunais ainda conseguem o que há anos reclamam e não têm conseguido...
Afinal, esta vereadora é um génio. Só poderia ser discípula de MMendes e fazer de todos nós grandes macacaos, ao volante...