sexta-feira

As divisões do PSD: uma manta de retalhos - da vida de um médico..

A manta de retalhos é da nossa responsabilidade. Dá jeito porque no Inverno aquece...
Guerra de nervos no PSD abre novas divisões internas
Hermana Cruz e Isabel Teixeira da Mota*
"Marques Mendes pode ainda ser o único candidato assumido às directas de finais de Setembro, mas a guerra de apoios há muito que já começou e até já faz sangue nas trincheiras de S. Caetano e de Vila Nova e Gaia. Se alguns barrosistas potenciais apoiantes do líder demissionário preferem estar ao lado de Luís Filipe Menezes, um dos membros da sua última lista ao Conselho Nacional aceitou integrar a Comissão de Honra de Mendes. Paralelamente, vai ganhando dimensão uma guerrilha estatutária, a propósito da exigência de Menezes da criação de uma comissão eleitoral.
"As directas foram introduzidas no último congresso estatutário. Nesse congresso, os estatutos foram aprovados com 80% do voto dos delegados e lá estão definidas todas as regras. São essas regras que vão vigorar, como aconteceu há um ano", defendeu Marques Mendes, ontem à noite.
Numa entrevista à SicNotícias em que manifestou confiança na independência do Conselho de Jurisdição Nacional para fiscalizar as directas de finais de Setembro, o líder demissionário do PSD lançou um repto a Menezes para repetir o duelo de Pombal "Gostava de ter candidatos adversários nesta campanha. Este é o período da clarificação. Espero que surjam outras pessoas, que pensam ter ideias diferentes e um contributo a dar", afirmou, em jeito de desafio endereçado a Gaia, procurando assegurar pelo menos um adversário nas directas.
Mas avisou que só alinha num debate centrado nas ideias "e não em tricas ou guerrilha permanente, com manobras tácticas", que diz serem orquestradas, desde há dois anos, por Menezes.
Mais cavaquistas pelo líder
Num clima já de pré-campanha, são as fragmentações das alas cavaquistas e, sobretudo, da barrosista que dominam os bastidores sociais-democratas. Apesar de destacados apoiantes do Presidente da República manterem o apoio ao líder demissionário, ainda são vários os que continuam a pressionar Manuela Ferreira Leite para avançar, convictos de que a ex-ministra é, nesta fase crítica da vida do PSD, um "capital moral importante". Ferreira Leite, que não terá muita motivação para entrar a corrida, estará, todavia, a meditar e deverá tomar uma decisão definitiva até ao Conselho Nacional de sábado.
Por sua vez, José Pedro Aguiar-Branco, que ontem comemorou o seu 50º aniversário, aproveitou o dia para fazer os derradeiros contactos, já que tinha manifestado aos seus apoiantes intenções de revelar a sua decisão ainda hoje. De manhã, ainda foi visto nos corredores do Parlamento, mas à tarde foi-se isolando, mantendo-se incontactável. Empenhado em ter a seu lado a maior parte possível do aparelho social-democrata, Mendes viu com agrado a adesão à sua Comissão de Honra de nomes ligados ao cavaquismo como Teresa Patrício Gouveia, Silva Peneda, Valente de Oliveira, Eduardo Catroga e Carlos Pimenta.
O ex-secretário de Estado do guterrismo, Nogueira Leite, os autarcas Carlos Pinto (Covilhã), Fernando Ruas (Viseu) e Carlos Encarnação (Coimbra) são outros dos dirigentes que mantêm o apoio ao líder demissionário.
Mas, porventura, o nome que dará a Mendes mais gozo incluir na sua lista de apoiantes será o do autarca de Mafra, Ministro dos Santos que, no último congresso, intregou a lista de Menezes ao Conselho Nacional.
Rio confirma ficar de fora
Menezes joga, para já, com o apoio de "barões" como Eurico de Melo, Ângelo Correia, Mira Amaral, além dos barroristas que o seguem desde o conclave de Pombal e de dirigentes distritais como Vírgilo Costa (Braga) e Mendes Bota (Faro). Menezes tem, contudo, um trunfo cavaquista Martins da Cruz.
Quem já se pôs oficialmente de fora da corrida foi Rui Rio, em nome da "credibilidade política". Conforme o JN adiantou ontem, o autarca portuense considera "Não há, neste momento, qualquer razão excepcional que me leve a não cumprir o mandato que assumi há um ano na Câmara do Porto". E reforça, com um piscar de olhos à terceira via: "A crise no PSD não é razão para dizer aos portuenses que vou sair".
Já Pedro Santana Lopes, que também não avançará, promete falar "um dia destes" sobre a situação do partido.
As par das movimentações nacionais, também já se joga a sucessão na Distrital de Lisboa. Helena Lopes da Costa já entrou na corrida. O "vice" da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras, faz depender uma candidatura da data das eleições e da capacidade de congregar uma equipa com vista às próximas autárquicas". * Com Inês Schreck
Obs: Mas que grande manta de retalhos, no final tudo ficará na mesma, ou seja, MMendes voltará a ganhar as directas ante o deserto de ideias e de líderes-novidade do PSD e voltará a perder para Socas nas legislativas de 2009.