O segredo do PS - por Vasco Pulido Valente -
O segredo do PS [Link Público, assin.]
26.05.2007,
Vasco Pulido Valente
"A última sondagem (Marktest) continua a dar a maioria absoluta ao PS e uma razoável popularidade a Sócrates. Quem não soubesse diria que Portugal vive uma época de afluência e expansão. Não diria com certeza que o crescimento económico é tristemente fraco, que o desemprego aumenta, que os salários (reais, bem entendido) diminuem, que a mobilidade ascensional parou e que as prestações do Estado foram reduzidas (na saúde, por exemplo, e na segurança social). Mas parece que o país percebe e aceita tudo isto. Tirando as manifestações que a CGTP ainda consegue pôr na rua, não se vêem grandes sinais de descontentamento e, em geral, a oposição, do PC e do Bloco ao CDS e ao PSD, que mais do que nunca devia estar com força e militância, está, pelo contrário, anémica e apática.
O estranho fenómeno da solidez do PS é provavelmente, e em primeiro lugar, pura resignação. Depois de Guterres, de Barroso e Santana, os portugueses reconheceram que a balbúrdia não podia durar e que, doesse a quem doesse, era preciso um remédio rápido. E quem melhor para aplicar esse remédio do que um indivíduo autoritário, determinado e teimoso, por outras palavras, quem melhor do que Sócrates? Principalmente um Sócrates que, de Belém, o dr. Cavaco apoia com a sua velha fama de inflexibilidade e "rigor"? Claro que a propaganda oficial e a intimidação, directa ou indirecta, da imprensa e das televisões contribuem para o sucesso de Sócrates. Só que o indígena gosta de quem "manda". Gostou de Salazar, gostou de Cavaco, gosta agora deste; e é inteiramente estranho a qualquer forma de espírito liberal.
Seja como for, embora em parte pertinente, esta explicação não chega. A "classe média" e a "classe média de Estado", que "passam" pior, esperam pouco do futuro e têm em casa os filhos sem destino, persistem em confiar em Sócrates. Porquê? Porque, para lá da retórica patriótica que durante um tempo exaltou a inconsciência colectiva, começaram a ver a inquietante fragilidade do país. Num mundo confuso e competitivo querem segurança antes de mais nada. Mesmo com mais "modéstia", com um progresso mais lento, com o sonho da "Europa" definitivamente desfeito. A mediocridade garantida é preferível a uma nova bola de sabão como o "guterrismo". Ora Sócrates, com a sua operação de "salvamento" financeiro e o seu putativo "reformismo", promete um Portugal de "boas contas", de rotina e ordem. É isso que o sustenta".
Obs: VPV tem alguma razão na indentificação da letargia a que o país chegou: resignação. Mas deixo uma reserva e uma observação a Pulido Valente. No tempo de Guterres o consumo disparou, toda a gente comprava casa, carro, viajava e até pedia empréstimos para obras domésticas mas, na realidade, utilizava esse dinheiro para continuar a zarpar em direcção ao Brasil e outros destinos de lazer. Creio, pois, que agora - as vacas magras são patentes, no tempo de Guterres - as vacas ainda eram gordas, e sofreram um emagrecimento compulsivo com Zé das Fritas (conhecido pela couve de Bruxelas) e por manela Ferreira leite, a madrinha do António Preto que agora, depois de ter dado tampa a MMendes, vai ajudar o Fernando "Pretão" a perder as eleições de forma mais humilhante na Capital. Com amigos destes não é preciso ter inimigos...
A observação que deixo a VPV é que não se refira ao PM, Sócrates por um - "deste" - por nós sublinhado a azul no texto de VPV. Ainda se arrisca a levar com um processo disciplinar. Agora, só precisamos de um delator... (há mercado para tudo..)
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