segunda-feira

Mais uma peça de gestão política p'lo Jumento

Nota Índia:
Estava a pensar escrever um texto destes, mas não tinha apanhado o fio condutor. Agora dei um salto alí ao Jumento e vejo isto. Até fiquei com vontade de dizer que o autor me esbulhou a ideia, mas não creio que valha a pena, apesar de pensar que a pensei primeiro. Seja, como for é um texto que deve ser meditado, pois ele encerra boa parte do descalabro que é hoje a AP em Portugal. E os cursos do INA é só para para três coisas: para ingressar directamente nos serviços do Estado, para inglês ver, para dar status e, já agora, para o INA gerar receita para os custos que que tem com aqueles cursos supostamente para elites da Marie Claire, as mesmas que depois multiplicam as metástases no corpo da Administração Pública. Reproduzimos aqui o texto do Jumento, o tal que me foi "esbulhado" apesar de nunca o ter escrito. Estranho isto!!!
O sucesso de qualquer instituição depende, em primeira linha, da sua liderança, é por isso estranho que em todos os debates sobre a Administração Pública a questão das chefias seja esquecida. Fala-se dos modelos organizacionais, das estruturas, da produtividade, dos funcionários que estão a mais, mas do problema das chefias foge-se como que de vinha vindimada.
Nos últimos anos a única novidade foi a adopção de concursos para a escolha em vez da sua nomeação directa, mas isso não passou de uma falsa solução pois que desde que a esta modalidade foi adoptada serão muito raras a escolhas por concurso que diferem daquelas que seriam feitas sem concurso.
Os concursos são uma farsa que só tem servido para gastar dinheiro dos contribuintes e tornar o processo numa imensa burocracia. Na maior parte dos casos a escolha por concurso vai recair sobre o funcionário que foi nomeado em regime de substituição, aliás, estas nomeações em regime de substituição não passam de um aviso a eventuais concorrentes de que vão perder tempo se apresentarem a sua candidatura.
E se o funcionário nomeado em regime de substituição não tem currículo é enviado para o curso FORGEP [Link], no INA, para aprenderem meia dúzia de rudimentos de gestão, saindo de lá prontos para ganharem qualquer concurso. Depois é só publicar um aviso de concurso onde no perfil pretendido só falta acrescentar o nome do funcionário que foi nomeado em regime de substituição.
Ou seja, a única modernização a que se assistiu no domínio das chefias foi um curso onde os chefes aprendem coisas importantes como rudimentos de estatística descritiva e concursos que apenas visam dar um ar de seriedade a nomeações sem critério.
No Estado há chefias a mais e chefias demasiado incompetentes, e as chefias são as grandes responsáveis por muitas das asneiras do Estado, são elas que alimentam a irracionalidade na gestão da Administração Pública. E são tantos os chefes que começa a poder dizer-se que há mais chefes do que índios