quarta-feira

O post-Jardim: a encrenca da Madeira

O chumbo da lei das finanças locais apenas foi o pretexto para esta guerra de personalidades entre o "Contnente" e a Ilha de Alberto. Respaldado pelo Tribunal Constitucional Cavaco avançou e aplicou o diploma, e dessa aplicação Alberto recebeu menos uns milhões valentes de euros, e ele só sabe governar com muito leite. Ferido o seu orgulho - a que ele chama de honra - inibido de dar um valente par de estalos a Cavaco e um tiro de caçadeira de canos cerrados a Socas, Alberto só tem uma escapatória: demite-se - fazendo cair a Assembleia Regional que com ele alinha nesta farsa pseudo-democrática.
O objectivo é tão mesquinho quanto claro e caricato, reeleger-se, religitimar-se, e, assim, autoplebiscitar-se e jogar a vontade do povo madeirense contra a consciência do PM e do PR - sobre quem reclama mais dinheiro. The same as usualy... Eisa fuga de Alberto. Uns zarpam para Bruxelas deixando o país arder nas mãos de sLopes, outros fazem cair governos para tentar aumentar a mesada, como tenta Alberto, embora de Sócrates duvido que consida algo, teimoso como este é e, sobretudo, quando Socas está apostado em ser o estertor político de Alberto.
Da velha gramática do independentismo e do colonialismo Alberto já não pega, cedo percebeu que isso tinha um efeito de boomerang no seu próprio futuro, restam-lhes simulacros de eleições democráticas, é assim que Alberto pensa conseguir sacar mais uns cobres ao Contnente e restaurar a honra e a dignidade perdidas da ilha e dos madeirenses, boa gente mas ingénua e muito manipulável e fácilmente impressionável.
Ainda hoje Alberto nos deu um sinal da sua graça e espontaneidade: enquanto dava uma entrevista, a esposa, a seu lado, avisa-o que estava atrasado para algo. Ele suspende a entrevista e responde à mulher em directo, dizendo que já vai, e assevera o jornalista para não a entrevistar porque saí-se mal se o fizer.
Ora, isto é um quadro completamente surealista só possível pela mente de Alberto, e terei pena se estas gargalhadas desaparecerem da vida pública nacional, que logo entristecerá. Não há palhaçada que resista a esta espontaneidade, pois ele governa como fala, e dá entrevistas como quem está no quarto de banho em intimidades com a esposa. É isto que é sensacional em Alberto, um colosso.
Evidentemente, que o "Sr. Silva" e as centenas de ofensas que ele tem feito aos agentes políticos do "contnente" também estão hoje em equação. Se pudessemos tirar uma radiografia aos sentimentos de Socas e de Cavaco, é óbvio que uma quota parte das respectivas animosidades reprimidas pelas normas culturais em ambos encontram-se plasmadas na lei das finanças regionais e no isolamento de que Alberto é alvo. Foram 30 anos de bastardos, de filhos da p****, de mentecaptos, de energúmenos, de atrasados mentais e, mais recentemente, de incultos, subservientes e de medíocres.
Ora foi precisamente com base nesta adjectivação que o actual Presidente do Governo Regional da Madeira justificou a sua demissão, nem sequer se apercebendo que era ele mais a sua entourage que estão no poder há décadas. Além de estúpida esta declaração foi kamikase. Confesso que me surpreendeu este tão baixo nível de articulação mental de Alberto, e só o nervosismo explica esta atrapalhação e contradição dos termos: como se pode governar a Madeira com sucesso e elogios quase unânimes e, ao mesmo tempo, ser inculto, subserviente e medíocre. Talvez isto tenha sido um acto falhado de Alberto que só percebeu depois de bujardar.
Daqui decorre um problema estratégico para a Madeira, um nó górdio que compromete o futuro das novas gerações e das próximas políticas públicas que se abrirão com o novel (e forçado) ciclo político. Na prática, a questão é legítima e velha: quem sucede a Alberto? já que todos lhe devem o emprego, o subsídio, a licença, as graças do senhor. Toda a gente lhe deve favores, daí o seu populismo e a margem com que fácilmente ganha eleições, sempre num crescendo e com uma tremenda impunidade, demagogia e irresponsabilidade. Acompanhado por verdadeiros caciques, alguns empresários que viraram deputados e têm um pé dentro dos negócios e outro na política.
É, portanto, esta falta autêntica de democracia e de genuína liberdade que fazem hoje da Madeira o quintal onde Alberto e o seu corpo de caceteiros - formados na sua escola - que põe e dispõe das maiorias sociológicas que se têm sucedido ao longo destes 30 anos de simulacro de democracia pluralista. Um simulacro que ele - e os seus homens de mão - mitigam com o velho discursos neocolonialista, neoimperialista, anti-comunista, independentista (mas depois é cobardolas por não levar até às últimas consequências as suas proclamações) envolto naquele desbragamento verbal que todos conhecemos.
Por todas estas razões tudo leva a crer que Alberto irá morrer politicamente à praia sózinho, sem sucessor nem uma geração de políticos que se distingam dele nas palavras, nos gestos, nas negociações, nas relações e em tudo o mais. Foi isto que Alberto fez à Madeira: depois de dar estradas, hotéis, piscinas para a 3ª Idade das pessoas do Norte da Europa - o Zulu" regional asfixiou os futuros possíveis do desenvolvimento equilibrado naquela bonita região autónoma de Portugal.