Afinal, a Net também é um inferno - cheio de boas intenções
Deixo uma perplexidade pré-natalícia: será que quando viramos as costas à "vaca" ela deixa de lá estar ou desaparece... Autor do blog Claro
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Após alguns retoques - que me foram explicitados por mão amiga, resolvi aqui subtrair ao texto inicial as referências relacionadas com o peso da cultura francesa - quanto a mim mais valiosa do que a anglo-saxónica - especialmente em monografias. Todavia, o essencial permanece nesse tipo de avaliações assente no gap entre os factos e as percepções que sobre eles incidem. Eis o ângulo de raciocínio escolhido para compreender o sistema de expectativas e as atitudes gerais na polis. São sempre as expectativas que comandam tudo, até a economia, por isso ela está como está. Um projecto.. E a coisa, em meu entender, explicita-se assim:
Se o que percebemos está na origem do que pensamos, o inverso é igualmente verdade. Em geral um indivíduo tem mais chances de perceber uma mensagem que esteja de acordo com as suas próprias crenças. Chama-se a isso coerência cognitiva. Desse modo, reconhecemos mais facilmente as nossas preferências. Tudo se passa, na verdade, como se quiséssemos estabelecer um balance perceptual entre os nossos preconceitos e as nossas percepções. Há anos que tento aplicar essa equação à minha conta bancária, mas sem sucesso.. Há sempre percepções (ou sombras) a mais relativamente ao saldo contabilístico efectivo.
Por vezes, dentro e fora da net, ou seja, na sociedade de corte (N. Elias) e no ciber-espaço, encontramos o insólito, que deriva da incorporação de objectos ou mensagens insólitas ou incongruentes, pela sua natureza, dimensão, cor ou qualquer outra característica, provocando uma escolha perceptual que favorece a atenção, ainda que involuntária, por vezes em detrimento da compreensão. Não esqueço, até porque gostava da marca, da Pub. da Wrangler que utilizava o esqueleto e depois um feto para promover os seus jeans ou as campanhas de teasing. Ainda hoje gosto das calças, mas nunca mais as comprei. Mas no meu caso não foi por causa do feto nem do esqueleto, nosso alfa e ómega, mas porque me recuso dar quase 20 cts por umas calças de ganga quando com o mesmo dinheiro compro 3 pares de calças e ainda vou ao cinema e, com um bocado de jeito, ainda compro um livro.
Ouvindo um amigo denegrir a nossa última compra, passamos a gostar menos do amigo ... ou da compra?
Cabe agora a palavra ao expert nesta área. E quem tem a palavra tem o poder (de fabricar mais percepções..). Pelo meio, estou certo, apanham-se algumas realidades. Mas quem nos garante que também estas não derivam de más percepções??!! O que já suscita um problema epistemológico e filosófico a que todos os pensadores procuram responder. A maior parte deles sem sucesso. O melhor ainda é, creio, dizer como o Sócrates: eu só sei que nada sei. O problema é que na vida só apanhamos "cromos" que nem isso sabem... E é tão triste nem sequer termos a noção do que não sabemos. Pior das coisas é um homem morrer seme star lúcido. Viveram no sono toda uma vida...
PS: Já agora, desejaria perguntar à autora desta imagem, a Raquel Crato, se quando a capturou estaria a pensar no sLopes ou simplesmente vagueava por aí, como quem vadia à sombra das palavras e da atitude (filosofante) induzida pelo mestre e amigo Agostinho da Silva...
Ficam estas pequenas perplexidades de Natal para os nossos leitores e amigos e amigos (mais críticos) pensarem e responderem.
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