segunda-feira

Depressão, narcisismo e carreirismo político

A EUROPA, QUAL EUROPA????
Vendo o trajecto de alguns agentes políticos e players e outros trânsfugas da nossa querida polis, não podemos deixar de nos interrogar porque fizeram o que fizeram, fazendo-o da forma menos natural e linear possível. Durão, Zita e quejandos são apenas dois exemplos políticos gritantes que hoje deverão interrogar qualquer pessoa que pensa a política do seu país integrada nas correntes de pensamento europeu.
Nem é tanto a lógica trânsfuga que aqui importa analisar, essa será sancionada pela história numa nota negra de pé-de-página, mas a forma como exercem o poder, sempre com um queixume, com uma agressividade (vide durão em Castelo de Vide no afamado curso de Verão sendo agressivo com esses "analistas" da crise que sabem mais do que ele com um olho aberto e outro fechado, o desgraçado ao menos poderia citar Edgar Morin, autor das baboseiras que aquele dizia do meio do Alentejo), em lugar de canalizarem as suas energias para a verdadeira estruturação de boas ideias e projectos políticos que atendam ao bem comum europeu.
Essa agressividade, neste caso comum a estes dois actores do burgo luso, só se pode entender pelo profundo complexo de culpa de que, em rigor, nunca se livraram. Um sentimento de culpa que conduz a um recalcamento maior, que sedimenta fobias e muitas desconfianças - matriciais, aliás, ao seu próprio campo político comunista e maoista - que na altura quase andava de braço dado e de túnica às Dennis Russos pelas ruas de Lisboa e arredores.
Desse processo a política só se pode ressentir: cá e na Europa, porque além de se não ter visão nem liderança a própria patologia ideológica que persegue casos com trajectórias irregulares e sinuosas na vida política, acaba por vir ao de cimo e denunciar angústias, perseguições, depressões, esquizofrenia política (dada a contrariedade de posições, de trajectos e de passados comuns) que, no final, só podem levar a um embrulho depressivo, visto que o sonho não coincidiu com a realidade. A ideia não se encontrou com a matéria. Portugal não se aproximou da Europa. Depois veio S. Lopes e foi o desastre dos desastres...
Talvez isto ajude a explicar o trajecto político de zita sebra e de certo modo o carreirismo político de Durão Barroso que hoje faz política com um pé no Vaticano e outro em Darfur. Alí procura conquistar a simpatia e adesão dos milhões de fiéis, desesperadamente, em África demonstra ao mundo que, afinal, tem bom corpo para trabalhar na estiva.
E assim de depressão em depressão, neste vazio da política, de angústia em angústia, de perseguição em perseguição, de gestos gratuitos em gestos gratuitos, de sentimento de culpa em sentimento de culpa - é possível identificar uma terrível falta de qualidade das lideranças e das elites políticas europeias findo o ciclo de Khol, Jacques Delors, Margaret Tatcher e outros. Hoje quando olhamos para a Europa mais não vemos do que os jornalistas sabujos do costume a acompanhar os políticos da treta - puxando por eles, encebando-os com gordura de porco - na esperança de que tenham alguma boa nova para dar ao mundo. Mas a imagem que esse mundo nos devolve é a de alguém que por ser incapaz de governar Portugal escolheu a Europa como plataforma para aí demonstrar a sua total inutilidade.
O que é a Europa hoje, com uma economia e uma natalidade frouxas, senão um batalhão de países deprimidos e cheio angústias e de défices?!