segunda-feira

Multiculturalismo

Hoje a Europa, a América e o mundo estão mais oxigenados, mais cruzados e isso, em si, não é mau. Ao tempo das Descobertas de 500 também nos miscigenamos e com isso nos enriquecemos cultural e económicamente. Hoje a Europa e a América estão mais negros, em resultado das vagas de imigração económica que demandam essas paragens. Mas há consequências e impactos decorrentes dessas mobilidades de grandes massas humanas. Mais hispânicos e asitáticos nos EUA, mais sul-americanos e árabes na Europa com todos os spill-over efects que isto pode ter em todos os sectores da economia, da sociedade e da produção de conhecimento gerador de técnica e de tecnologia.

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Hoje as comunidades de imigrantes que povoam a Europa são como clusters, agregam-se em torno das grandes urbes da Europa para aí trabalhar, vegetar, casar e ter filhos, sonhar, ter pesadelos, passar fome, arranjar conflitos e até serem repatriados. Pelo caminho fica um quadro mais ou menos multicultural que vai da Europa à Indonésia e depois cruza o mundo pelo lado do pacífico.
Uma geografia que hoje coloca sérios problemas de identidade nacional, visto que as sociedades de acolhimento progressivamente de morenizam, se micisgenizam, enfim, multiculturalizam-se a uma grande velocidade - que contrasta com a regressão demográfica da taxa de natalidade europeia. E aqui, cremos, não se trata dum problema de impotência sexual colectiva, o problema aqui é de expectativas económicas, de emprego e de condições de vida e de bem-estar que, não sendo asseguradas, obrigam as pessoas a alterar radicalmente os seus comportamentos de consumo e também no plano das práticas sexuais.
Pelo que somos levados a concluir que os padrões actuais de migração são mais abrangentes, logo o mundo ficou mais pequeno, comparativamente à mobilidade das grandes massas humanas de décadas precedentes. A Europa passou a ter a sua dimensão morena, multiétnica povoada que está de comunidades imigrantes africanas, asiáticas, sul-americanas. A América também se tornou um bazar cosmopolita, com níveis de imigração elevados, próximos dos da I Grande Guerra (1914-18). E a autonomia dos Estados - no plano político, social, administrativo e económico passou a ressentir-se com esse impacto migratório, o que obriga o sistema internacional a coordenar políticas públicas e estratégias de prevenção e de combate à criminalidade resultante desses fluxos humanos que cruzam as fronteiras.

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Por vezes de forma ilegal e inumana, como ali é descrito pelo artigo do M.Portas (ver Outsorcing). Em suma: a capacidade de control e de patrulha das fronteiras da Europa pelos própios europeus diminuíu drásticamente, à medida em que a globalização se tornou múltipla, errática e cada vez mais contingente na sua natureza, direcção estratégica e processo. Por seu turno, a cooperação internacional, como dizia António Vitorino no seu artigo artigo teste à Solidariedade no DN (último) - ainda não conjugou a vontade política colectiva/europeia (porque esta também é, na realidade, uma manta de retalhos, e o actual mordo-mor anda a apanhar bonés desde que para lá foi, porque é preciso fazer mais do que falar línguas...).
Bem ou mal, temos de fazer um pequeno balanço, que aponta para uma profunda revisão de alguns conceitos básicos nas nossas sociedades: as noções de cidadania ou de identidade e de coesão nacionais estão hoje sendo reformulados e adaptados à geografia política, social e económica emergente. Hoje, por último, tudo se renegoceia como resposta aos novos padrões de fluxos migratórios globais e culturais que informam a globalização competitiva que está em curso, e que todos os dias nos entra em casa pela janela, pela rádio, pela tv, pelo tm, pelo PC, pela boca dum vizinho que entretanto chegou da Austrália, wherever...
Hoje, como alguns "sapos gordos" da política portuguesa afirmam, tudo se negoceia. E alguns desses sapos políticos até pretendem negociar com os terroristas da Al Qaeda, tamanha a enormidade do que dizem. Eu um dia gostaria de ouvir o dr. Soares (pai) comentar essa asserção depois de saber (isto não passa duma hipótese, óbviamente..) que um rocket fundamentalista lhe matou a filha e dois netos depois de ter sobrevoado a sua casa particular e o Colégio Moderno alí ao Campo Grande... Mudaria, concerteza de opinião e até de postura...

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