segunda-feira

Retalhos da vida de um "Gavião" no Brasil

Retalhos da vida (de um "médico das ideias") quotidiana deste Brasil democrático

  • Tenho passado grande parte dos meus dias de trabalho na biblioteca do Senado brasileiro, para completar meu trabalho sobre a cronografia do pensamento político, que penso editar até ao fim deste ano. Não tenho qualquer cunha ou recomendação que me permitam aceder a este templo da democracia brasileira. Pego o táxi, desço, entro na recepção, digo que quero entrar, pedem-me o bilhete de identidade português, passam a maleta pelo raio X, dão-me um autocolante de visitante, dizem-me boa estadia e é entrar e circular por todo o lado das duas câmaras, sem qualquer desse sentido de "bunker" securitário que se respira noutras paragens. Viva a democracia. Reparo como é francamente interessante o balanço das publicações parlamentares, com inúmeros estudos plurais sobre a realidade política brasileira, com particular destaque para as origens do pensamento político, onde os grandes nomes lusitanos, com coincidência de labor com os inícios deste Estado, são talvez mais bem tratados do que na pátria madrasta. Aqui, Silvestre Pinheiro Ferreira é mestre, José Bonifácio, um estandarte e até se conta a história de Avelar Brotero, o jurista, não o botânico, o tal que para aqui veio em 1825, depois de uma actividade de magistrado na pátria de origem, e que se transforma no primeiro lente da Faculdade de Direito de São Paulo, onde foi secretário durante quatro décadas.Será que nos esquecemos dele, só porque pediu a nacionalidade brasileira em 1833. Mas mestre Agostinho da Silva sempre exibiu, até morrer, o seu passaporte da terra de Vera Cruz... (...)