sábado

"O pior analfabeto é o analfabeto político..." Bertolt Brecht

  • - Tenho um amigo intermitente, como a vida. E às vezes diz-me coisas que eu já sei, ainda assim fico a navegar nelas, a ponto de as mergulhar e caçar algo. Esse algo remete para uma questão: como se faz um político em Portugal?
  • - Que palavras, eficácia e autoridade são necessárias para fazer essa massa de potência política e pô-la em marcha e amanhã - na autarquia de Lisboa, numa distrital partidária, noutro qualquer órgão ou organização, pretende fazer política.
  • - Vejamos esse processo: todos nós sabemos que as palavras são terríveis, às vezes geram factos, mas não é qualquer cacique que os gera, precisamente porque não tem a autoridade (não é autor de conhecimento ou dum saber especializado) - que demora a construir e se perde num ápice.
  • - Desse modo, todo aquele que pretende gerar um facto, tem óbviamente de procurar ascender aos tais níveis de Autoridade, a fim de que as suas palavras possam ser ouvidas e levadas a sério - encontrando nas populações as respostas aos seus desejos.
  • - Imaginemos agora que, por exemplo, o actual edil da "K"apital ascende a esse posto de comando em virtude das eleições. O que é que ele teve de fazer??? Senão pôr macha toda uma tropa fandanga de "brancos e pretos" - que operassem a seu favor, ou seja, aqueles que ele entende poderem vir a ser-lhes útil na escalada das suas ambições até conquistar o poder.
  • - O político mais não faz, em rigor, do que mover essa massa disforme de gente que enche as salas de conferências e coloniza as ruas em vésperas de campanha eleitoral em prol do tal objectivo: servir o "chico esperto" que pretende organizar o rebanho e ser o seu pastor. É isto que a generalidade dos políticos em Portugal fazem. Nos outros países a mestela é parecida, mas com algum grau complementar de autoridade e de curriculo por parte dos agentes políticos.
  • - Tudo o que ele necessita de pensar é que há um lugar vago que ele quer ocupar, tudo o que precisa é afastar os outros que também pretendem esse lugar. A luta política pela autarquia de Lisboa, por exemplo, reflectiu isso ad nauseum. Com Camona a ampliar essa naúsea, sobretudo com aquele episódio das obras do WC já transitadas em julgado. Confesso que nunca fui com a cara do engenheiro, desde aí ainda pior. E cada um tem a cara que tem... Mas quem percebe um pouco de política, i.é, de comportamento humano, e tem uma cultura média, para não dizer sólida, pensaria imediatamente: este gajo não é boa rés e assim também não vai longe.
  • - Mas, de facto, o engº carmona foi um pouquinho mais longe e ganhou Lisboa, mas hoje não passa dum político de Poço de Bispo, uma espécie de estivador da autarquia ferido de morte na sua credibilidade (política) e até na sua honorabilidade (pessoal).
  • - Trocando por miúdos: o crédito eleitoral que o sr carmona desfrutava já foi queimado nestes dois últimos takes dos assessores e do alegado favorecimento pessoal que pode, segundo as leis do trib. da tutela, conduzir à destituição do actual edil da Capital.
  • - E porquê??? Por causa das palavras - que não se disseram, ié, a actual insuficiência de autoridade já não consegue ser compensada por um crédito capaz de permitir elevar-se no termómetro político. E contra ele tem também duas armas fatais: a razão e o bom senso.
  • - Eu no lugar do engº já teria feito aquele velho número de aflição para ir ao WC e aproveita para me eclipsar á francesa... Nem que fosse para usufruir as vistas dum Duplex perto das Nexexidades donde se avista o Cristo Rei, com caimbras e tudo...
  • - É a este processo, com alvará alí do nosso amigo Bertolt - que aqui designaremos o analfabeto da política - que assenta que nem uma luva a certos "inginheiros" de hidraulica gripada.
  • Image Hosted by ImageShack.usPost dedicado a todos os "chicos espertos" da política lusa que dentro e fora da autarquia faz exactamente esse role-playing: o de serem chicos-espertos - que agora rivalizam em estupidez com os próprios patos-bravos do burgo, os mesmos que têm conta aberta na Mercedes e depois declaram apenas o salário mínimo nacional. A esse fenómeno mitigado de favorecimento, compadrio e corrupção desigamos de sinistralidade política.

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