domingo

Pub. no futebol e a Pub. nas ditaduras

Sempre achei que a melhor forma de pressionar as ditaduras, como Angola, era impedi-la políticamente de integrar o Mundial de futebol até que verdadeiramente se democratizassem. Se assim fosse hoje a selecção angola não jogaria. Mas jogou porque as coisas não são como eu aqui as penso ou desejaria que fossem. É simples. Mas como Angola perdeu contra a selecção portuguesa, e perdeu bem, só foi pena não ter encaixado 3 ou 4 zero - como merecia, esperemos que Zé Du (o grande ditador africano que é considerado como um dos homens mais ricos do mundo à custa do seu povo miserável) não mande bater nos seus jogadores como o regime de sadam fazia quando as equipas nacionais perdiam. É claro que Angola não é uma ditadura à iraquiana, é mais suave e branda, mas jamais deveria integrar este mundial. Mas como integrou, porque a política é uma arte do cinismo e da hipocrisia pegada, não posso deixar de denunciar os cúmplices voluntários que aquela selecção representa. Com o corrupto-mor à cabeça, o sr. dos Santos. E foi a pensar nele e na potência que representa hoje a Pub. no mundo inteiro que deixamos aqui mais uma reflexão sobre o que é a Pub. contemporânea: escrever anúncios é a 2ª forma mais lucrativa de escrever. A 1ª é escrever bilhetes a pedir resgates. O futebol, a Fifa e as "fifas" deste mundinho ultra-mafioso - que em Portugal vegeta em tipos como madail & compª. que vão a Belém beber o chá das 5 (a Belém, vejam só...!!!), perdeu aqui uma óptima oportunidade de contribuir para a Paz, a Democracia, o Desenvolvimento, a Liberdade e a Justiça no mundo. Bastaria vetar o nome de Angola e logo a pressão internacional sobre esse regime ostensivamente mafioso e autocrático - se sentiria pressionado a abrir ao pluralismo democrático - em vez de assistirmos à morte lenta daquele povo miserável morrendo nas valetas enquanto os ministros são os principais empresários e exploram as riquezas do país em proveito próprio, e quer uns quer outros são os verdadeiros fautores da desgraça e da tragédia humana daqueles milhões de subnutridos do mundo sem vox. A Pub. no desporto e no futebol em especial - deveria servir para algo - que não fosse só para promover bandidos institucionalizados e uma teia de nepotismo que - também em Portugal - encontra os seus tentáculos (entre a construção civil e as autarquias).Hoje, confesso, tive vergonha e até me senti humilhado ao ver aquelas duas selecções jogando uma bola, para trás e para a frente - enquanto morriam por minutos dezenas, centenas de putos, adultos e velhos em Angola... Um logro.
  • Nota: há dias Fidel castro caíu, foi pena não ter sido mais grave; assim como é pena certos dirigentes africanos não poderem aparecer mais nas fachadas dos bus. Este também é o poder da Pub. Um poder que em vez de alertar para os males do mundo promove-os como se fossem exemplos a seguir. Não são. Não passam de ervas daninhas que pululam por aí, fazendo fortunas ilícitas e imorais à pala do ouro negro e dos diamantes. Foi tudo isso que hoje me lembrei quando via o jogo em que Portugal ganhou a Angola. Só foi pena que o jogo não se jogasse verdadeiramente entre duas democracias que procuram o melhor para o seu povo e para o respectivo bem comum. Por pensar assim dedico esta oferenda ao corrupto-mor de Angola que tem contribuído - como mais ninguém, para que o seu povo vegete nas valetas e ande com próteses pelas ruas do seu país que mais parecem caminhos de cabras... Ou nem isso. Julgo que a Pub. terá urgentemente de rever os seus pressupostos. Afinal, ela sempre deverá servir para algo mais do que simplesmente contribuir para fazer fortunas, publicitar marcas.. Poderia também contribuir para valorizar o sistema de valores que permite essas futeboladas de palmo e meio. Reporto-me à promoção activa da Justiça, da Liberdade, da Democracia, do Desenvolvimento - como Liberdade. Todos esses valores deveriam hoje interpelar o sentido da Pub. no tribunal da opinião pública mundial. Eu até gostaria muito de ver o sempre douto mas também sempre cínico Marcelo glozando o assunto... Marcelo é, efectivamente, um homem inteligente, embora não muito profundo nem denso. A Marcelo falta (aliás, sempre faltou) uma coisa que se chama CORAGEM. Veremos se ele consegue aprender algo com o futebol. Veremos sr. "prufessore"...