sexta-feira

A formação da vontade política?

Sob o signo da Verdade...

Como se efectiva a formação da vontade política?
- Quais são, de facto, os vectores que influenciam a opinião pública na formação da vontade política?
- É interessante como o país-redatorial se mobilizou para discutir o aperto de mão que Carrilho não quis dar a Carmona. E, muito provavelmente, nenhum de nós daria naquela preciso contexto. Sim, porque as coisas têm um contexto, e a sic por vezes esquece-se do con-tex-to. Por que será?
  • - Temos, portanto, aos Domingos - tourada e Marcelo, durante a semana futebol e faduchos reportados directamente do Campo Pequeno com Alberto J. Jardim a fechar as sinteses com Lili Caneças à ilharga, e, agora, temos também Carrilho em versão de livro com meio ano de atraso. É um belo país este Portugal. Sim senhora!!! Um país que nunca precisou tanto de Freud como hoje - a avaliar por estas emotividades de apertos-de-mão não dados. Quer se queira quer não - isto reflecte um certo quadro mental e cultural do Portugal contemporâneo.
  • - Mas por que razão isto sucede? Em nosso entender, o efeito prático desta degradação é que os agentes políticos são condicionados a trocar a sua base de autoridade (aqueles que a têm) por uma popularidade fácil, ritmada pela encenação da música e das luzes tipificada na sociedade espectáculo.
  • - Hoje verifica-se essa dinâmica de ilusão e de fabricação de sonhos, que já não consegue controlar a volatilidade da opinião pública. À qual agora se veio juntar o pronto-a-vestir da “sondagite” eleitoral que o mercado do sector, leia-se as agências de comunicação, que vive disso, multiplica nestes períodos de “tiro-aos-pratos” da política lusa.
  • - I.é, a lógica de formação da popularidade, intensifica-se pela insinuação daquelas empresas de fabricação de opinião em busca de popularidade, mercado e poder para, assim, angariar mais dinheiro (sob a forma de encomendas políticas), o que não favorece o exame rigoroso dos problemas (e soluções) do País. É uma "pescadinha-de-rabo-na-boca... "
  • - De tudo resulta um efeito pernicioso para o país. Pois a lógica da popularidade (agora extensiva às empresas de opinião) promove, perversamente, a atenção dos eleitorados para o esquecimento dos problemas e das dificuldades reais de Portugal. Além de que o estudo e apreensão desses problemas exigem conhecimento, expertise, tempo e dedicação de análise e reflexão que a maioria das pessoas não dispõe.
  • - Esperemos que quando os intervenientes de serviço (Pacheco, ricardo costa, Carrilho...) discutirem o assunto na tv do serviço público, a RTP, o façam relevando razões de fundo e não a aparência da realidade. Mas tudo isto está viciado à partida, na medida em que os modelos de comunicação para as grandes massas só funcionam em termos de popularidade psicodramática, determinando as TVs privadas, que também são um espelho dos políticos que temos, a promoção daqueles condicionamentos à liberdade de decisão e de formação duma opinião pública cada vez menos esclarecida e responsável. A sic, o expresso têm, últimamente, sido o "exemplo" deste paradigma negativo em Portugal. Talvez também por isso muitos consumidores desses conteúdos já os tenham abandonado. Como consumidor falo: não toco no Expreso há mais de 3 anos e raramente vejo a sic.
  • - Interrogo-me se tudo isto é acidental e temporário ou assume já um carácter mais permanente e crónico na vida política e na sociedade portuguesa. Sonho e digo: como é que os portugueses, com aquelas raparigas ali de pé, conseguem concentrar-se na Política lusa, ou de Roma, ou de Espanha? Chamem o Freud p.f.v..

  • PS: Nós não fazemos como Pacheco Pereira, nós utilizamos links... Talvez o prof. Carrilho precise de ler isto. Talvez... E também quero dizer que há certas situações, contextos, processos, actuações, comportamentos, gestos, condutas e atitudes que dispensam a leitura de livros. E isto tanto vale para Pacheco como para Carrilho como para qualquer cidadão deste país - que se pretende seja cada vez mais normal. Mas não é fácil..