Grandes questões do nosso tempo: "ai-éve-a-drim"
Acordo ouvindo a marcação para um novo congresso do PsD. Desta feita, para eleger os demais órgãos do partido, volvidas apenas duas semanas após a eleição em directas do líder. Bom, ouvi isto e lembrei-me logo do grande discurso desse grande combatente pelos direitos humanos que foi Martin Lutherking - dizendo: "ai-éve-a-drink", apesar de ele o ter dito com sotaque... De seguida não pude deixar de pensar o que significa a dimensão política se quisermos compreender o nosso mundo e o nosso tempo, se quisermos influenciar os nossos destinos e o destino da própria História. Com efeito, esta notícia sobre este novel congresso do PSD, em que a srª Manela Ferreira Leite se demarcou ainda mais de M.Mendes por causa da sua orientação em apoiar o encerramento das maternidades (que contraria a direcção do PSD), responde à magna questão do nosso tempo: COMO CONCEBER A POLÍTICA?
- Foi ouvindo estas talentosas derivações político-partidárias-congressionais que percebi estar diante do maior desafio ao conhecimento do III milénio. Percebi também que a política é uma coisa geral que requer ideias gerais num mundo em que os conhecimentos gerais são insuficientes por serem gerais e os conhecimentos especializados são insuficientes por serem especializados. A política, afinal, trata do que há de mais complexo no universo - os assuntos humanos - e, hoje, constato, que a relação do PSD com a sociedade - logo com os assuntos humanos - tornou-se extremamente complexa.
- Percebi também que tudo isto foi dito porque o narrador de serviço, porventura, se enganou, dizendo "ai-éve-a-drink". Quando, afinal, não era bem isso o que ele pretendia transmitir. Pergunto-me se não é por estar tudo "bêbado" no PSD há já demasiados anos - para subscrever prudentes palavras de Alberto João Jardim num anterior congresso, que se marcam congressos a torto e a direito no PSD!?
- Compreende-se que a eleição dos órgãos do partido sejam importantes, mas fazer um congresso para o efeito é como partir um ovo para ver o vazio lá dentro. Tudo o que é não político comporta pelo menos uma dimensão não-política, mas, caramba!!! - os marcadores do congresso sempre poderíam adiantar que o dito seria realizado também para discutir muitas outras questões de interesse para a sociedade, doutro modo o PSD mais parece um club de poetas interessados exclusivamente na produção da sua própria poesia que depois ninguém lê, porque são recitadas para dentro, em regime de capelinhas.
- A ecologia, o nascimento, a velhice, a estupidez recorrente, a juventude, a velhice outra vez, a saúde, a habitação, o bem-estar, as vitaminas e os sais minerais para os ossos, a corrupção partidária, o tráfico de influências, o mal-estar, o livre-trânsito dos espermatezóides e o controlo das ovulações..., tudo isto poderia consubstanciar uma óptima agenda para esse novel congresso do PSD, em vez de se pautar a coisa só por causa da eleição dos órgãos nacionais e das guerrinhas das listas e dos nomes que elas albergam lá dentro. Talvez por isso, muita gente diga da política partidária em Portugal: lá longe vi um alguidar cheio de lacraus a fervilhar...
- E é por isso que quando o dr. M.Mendes manda a secretária telefonar-me para assistir a isto e àquilo prefiro dizer, não obrigado, lacraus vejo-os só pela TV, não vá a coisa contagiar-me... Confesso que da tv só vejo o dr. House às 5ªfeiras, quando não adormeço antes e perco as touradas que nos servem numa nova modalidade de ópio do povo.
- Inversamente, tudo o que é político comporta também, sempre, uma dimensão não política, e é isto que se trata deste congresso perfeitamente evitável.A política, de que tudo depende, também depende de tudo o que depende dela. A política que decide da economia, da sociedade e dos aspectos militares depende, afinal, ela própria das condições económicas, sociais e militares. Ela é, em rigor, o preliminar - como nas relações amorosas - que depende de múltiplos preliminares que dependem dela. Em suma: o destino do mundo depende do destino político, que depende do destino do mundo... Apesar de agora este PSD - do "ai-éve-a-drink" - nos venha dizer que, afinal, o mundo é que depende deste congresso que, por sua vez, irá eleger os órgãos nacionais do partido que, por seu turno....
- Macro-despacho: Pergunte-se à liderança do PsD por quanto mais tempo vão continuar a beber Vodka em fraqueza... É que fazer política-partidária aos "boxexos" só pode conduzir a um resultado catastrófico que afasta ainda mais o partido da sociedade cujos problemas reais visa(ria) resolver. Já agora, quem são os conselheiros de M.Mendes para esta área congressional...
- Macro-despacho 2: além de dedicarmos este post a Martin Luther King pela sua bravura e nobreza de ideais - interrogamo-nos o que diria ele se viesse a Portugal e, alí à boca do Campo Pequeno - os jornalistas lhe perguntassem o que acharia da realização deste congresso do PSD 15 dias após o primeiro.
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