terça-feira

A morte...

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A nossa razão e ciência é tão limitada que nem sequer sabemos como responder a esta questão básica: a morte constitui o fim ou será a nossa verdadeira vida, a nossa verdadeira pista de 700 m., o nosso futuro? Como não sabemos, nem por sombras responder a isto, compramos fé, entramos vezes sem conta nas igrejas, apertamos a mão aos padres sabujos, esses grandes pecadores - alguns inundados de luxúria, gula e soberba - e por isso são tão perversos, balofos e arrogantes. Além de ignorantes e, em inúmeros casos, pedófilos que deveriam ser julgados e enclausurados. Esta é, de facto, a magna quaestio: o que é a morte? Quer a religião, quer a mitologia ou a arte - todas essas formas de manifestação cultural - buscam no nada o tudo que falta, e assim ficamos na mesma. E sem resposta lá vamos caminhando até ao dia em que ela nos bate à porta para entrar e nos levar. Nuns casos, fá-lo com aviso prévio, noutros, cínica, a morte vem de mansinho, e é de pantufas que nos surpreende e nos sequestra. Já falei com algumas pessoas que tiveram uma experiência de morte, e ambas me contaram que nesse momento tudo dentro de nós se transforma: a visão, os cheiros, a resistência à dôr, a percepção das coisas e o mais. Em ambos os casos crê-se numa outra vida, num além - que esteja muito para lá de Almada, Barreiro ou mesmo Seixal. Hoje, para além da fé, muitos de nós são influenciados pelos relatos daqueles que sobreviveram à morte. São pessoas especiais, já que o seu testemunho nos dá essa visão do outro lado do racional - que nós temos de forma muito teórica e básica. Aqueles que conheço e tiveram essa experiência da morte, julgam que viram o que está muito para além do limite da sua existência terrena, ié, que viram o Além, povoado por monstrinhos luminosos, psicadélicos; outros viram anjos e familiares e amigos já efectivamente mortos. Eu nunca vi nada mais senão ilusões e fantasias, apesar de ter passado os meus últimos anos a enterrar familiares e amigos - nesse ritual que um dia nos calha não ir, senão no caixão. E aí já não assistimos a nada, porque somos a vedeta da festa, o centro da coroa de flores - que deveríamos, talvez, ter recebido em vida, pelos menos algumas... Neste momento os 10 milhões de portugueses devem estar a interrogar-se se esta mensagem se refere à descrição dos últimos meses da governaação socialista... Mas não, reporto-me efectivamente à vida depois da morte, àquela experiência que todos nós desejaríamos ter, desde que fosse salvaguardado no contrato que poderíamos regressar à terra para contar aos videntes como foi essa experiência. Mas mais interessante do que podermos regressar, será saber como é viver sem um corpo, essa forma comum que já conhecemos.. Seja como for, julgo que não há mortes bonitas de se morrer, assim como certos casamentos, festas de aniversário ou outros festins do género. Tudo aqui é uma pura especulação. Aqui a ciência não entra, apesar de bater à porta. Julgo que jamais poderemos compreender esse processo de transição para o outro lado, para o lado-incerto cuja morada desconhecemos, nem sabemos que tipo de transporte apanhamos para chegar até lá. Ou até se há muitas paragens ou escalas.. Tudo isto é, como disse, uma pura especulação; pior - uma especulação mitigada de fé, o que pode dar uma crença em qualquer coisa ainda mais monstruosa, mesmo em vida. Por isso, o melhor mesmo é estar quieto, e não nos atrevermos pelos caminhos que desconhecemos. Ainda assim, fico curioso com o que pensará sobre este tema-problema-enigma um chinês, um brasileiro, um indiano, um africano. Não digo norte-americano - porque esses, coitados, já vêm a morte em vida estampada no rosto do seu presidente. Mas como serão as visões de todas essas pessoas.. Atrevo-me, contudo, a aduzir aqui algumas derivas pré-cognitivas acerca dessa mesma compreensão do que poderá representar a visão da morte para cada um daqueles cidadãos. Assim, para um indiano ele poderá chegar a bom porto montado numa vaca; para um africano poderá ser através de um boi-cavalo já domesticado e com os cornos limados; o brasileiro julgará que Deus é carioca, logo não morre, salvo quando a sua selecção perde; para um chinês poderá aceder à visão da morte montado em Mao Tsé Tung e em todos os maoistas que não renunciaram objectivamente aos seus ensinamentos e à Revolução Cultural, logo também montados no José Barroso, conhecido como Durão, que é, segundo consta, mordomo-mor das grandes potências na União Europeia; e, claro, para um norte-americano chegar a esse limite só poderá ser ou montado num táxi amarelo ou cavalgando o sr. C. W. Bush. Para mim, que sou um simples cidadão da República portuguesa - julgo que não haverá futuro para a morte. Pelo menos, as experiências que aqui encontro apontam nessa direcção, ilustradas com um bando de meio milhão de pessoas - fugindo em direcção ao mar, como Gandhi em busca de sal, e creio que fogem áquela velocidade porque vêem José Sócrates correndo atrás deles com uma forquilha de pontas a arder numa mão e na outra ostentando um outdoor gigante dizendo: AGORA É QUE VÃO VER O QUE É O PLANO TECNOLÓGICO... E como os tugas são pessoas de bom senso, julgam que vão ser electrocutados, razão por que só encontram uma saída: fugir para o mar. Julgo, pois, que é assim que os portugueses percepcionam a morte. E mais não digo porque o meu relógio parou e os suspiros são fortes demais para se poderem ouvir. O melhor mesmo, quando se equacionam estas questões meta-físicas ou filosóficas da existência é, talvez, adoptar o pensamento de elevado calibre da rainha do jet-7 nacional quando diz que "a vida é o contrário da morte". Ou é o contrário... Também não importa, porque a senhora "Li-li Caneças", creio, ainda continua viva... e parece que continua a fazer muita falta às "Caras" (revista do grupo Balsemão) deste Portugalinho dos "piquininos" à beira-mar enterrado.