O novo síndrome dos galináceos
Recorrentemente as estações de TV cá do burgo reportam peças jornalísticas que, não fora a gravidade do problema e o seu carécter incontrolável que encerra, seria uma manifestação galinácea de elevada comicidade. Assim, muitos dos feirantes que ganham as suas vidinhas vendendo as ditas aves - viram o dia estragado e o negócio arrumado por uns inspectores que, num ápice, fizeram uma aliança contra as aves em nome da saúde pública.
Mas quer a reacção dos feirantes, quer o nível da inspecção e o calibre das intervenções dos inspectores do campanário - revela bem o Portugal que temos, o povo que ainda somos, a alma profunda que não nos larga. Para ilustrar esta comicidade, que pode fazer perigar a saúde pública, vejamos estas declarações, recolhidas em contexto de feira galinácia e acompanhadas da respectiva proibição de comerciar tais aves em mercados e feiras. A coisa passou-se na feira de Espinho, representa um momento de rara filosofia e de singular metafísica. A reter. Reza assim:
“Se não concordo?!?!?! Claro que não concordo!!!! Olhe, sabe, isto é tudo política, só política!! Quando foi das "bacas" loucas também diziam que vinha isto, e aquilo, eu sei lá, e foi o que se viu! Também diziam que vinha um vírus nas meias e roupas dos “chinos” que nos matava a todos e andamos aqui, não nos aconteceu mal nenhum!”
- vai daí ó despois -
... “e não tenho medo nenhum! E olhe, tenho mais de cem galinhas, lá em casa, e vou continuar a comer e a comprar! E se morrer das galinhas, olhe, não morro de outra coisa qualquer!”
Nota: melhor do que isto só propôr um concurso de tiro ao prato com os galináceos potencialmente nocivos para a saúde pública. E transformar os campos de golf em campos de sequestro para isolar essa possível pandemia. É bom não esquecer que as aves voam. Percorrem longas distâncias por dia. E há quem diga que elas, numa estratégia concertada, já levantaram vôo do Oriente e ameaçam estacionar, aos milhares, no estádio do Dragão para, assim, tentar exterminar o Bimbo da Costa, que é uma "ave rara" que faz distúrbios em Portugal há já duas décadas, mas que urge erradicar definitivamente das nossas capoeiras.
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