sábado

Marvão a património da humanidade pela UNESCO. Oeiras segue o exemplo com o Palácio do Marquês de Pombal

  • Castelo de Marvão, no Alto Alentejo a uns escassos 17 quilómetros de Portalegre.
  • Se percorrermos o trajecto inverso, ié, de Portalegre para Marvão é mais longe porque é a subir. Aí os 17 quil. representam o dobro (ié, aí o quilómetro é ao "Kil.") mostrando que as mesmas distâncias traduzem esforços diferentes. De avião é mais rápido. Esperemos, pois, que esses pássaros do ar passem por perto com a OTA. Já estou a ver o engº Sócrates a ficar pendurado pela gravata numa esquina do Castelo depois de se ter lançado de pára-quedas... Ó da guarda, acudam aqui ao "enginheiro")))
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  • Tanto num caso como noutro (Marvão ou Oeiras) parece que o Tempo - esse fio da eternidade - parece não querer parar. Basta que o Homem o saiba puxar, e tecer...
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  • Julgo que o que aqui se diz relativamente a Marvão - onde tenho raízes familiares - é válido e aplicável ao Palácio do Marques de Pombal, recentemente adquirido à Gulbenkian pela actual autarca de Oeiras.
  • MARVÃO A PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE
  • Marvão é candidato a Património Mundial no âmbito da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) a bens culturais, naturais ou mistos de importância mundial. Trata-se de um exemplo de vila fortificada conservada do Período Islâmico e da “Reconquista”, dotada de uma localização, beleza e harmonia única do Homem com a Natureza. Alguns monumentos já estão classificados como de Interesse Público (Pelourinho, 1933; toda a vila, 1948; Convento de Nª Senhora da Estrela, 1982).
  • O Estado português, auxiliado técnica e cientificamente por uma comissão municipal, quis reduzir o risco e a incerteza da candidatura. Daí a colaboração de académicos e experts do Instituto Politécnico de Portalegre, da Universidade de Évora e da Universidade de Extremadura (Espanha). Todos são poucos para valorizar o empreendimento de Marvão universal.
  • A questão que se coloca é saber se após a chancela da UNESCO haverá alteração de regras na intervenção do património. Marvão, naturalmente, continuará a reger-se pelas leis nacionais, supervisonadas pela autarquia e vigiadas pelo IPPAR, IPA e Parque Nacional da Serra de São Mamede. Mas existem vantagens resultantes dessa classificação. Marvão passa a ser um bem precioso para toda a Humanidade; atrairá um acréscimo de turistas de qualidade para a região, gerador de mais desenvolvimento integrado. A hotelaria, a restauração, o comércio e o artesanato serão os pólos mais beneficiados. Indirectamente, tais vantagens repercutir-se-ão na qualidade de vida das famílias, não só pelo aumento de emprego e de rendimentos, como pelas infra-estruturas.
  • Mas é no plano político que esta vantagem se potencia. Uma vez classificada de Património Mundial, Marvão terá direitos acrescidos na disputa de recursos públicos para a realização dos seus projectos de conservação e de desenvolvimento. Fixando quadros qualificados e atraindo outros investimentos de maior dimensão cuja massa crítica compensa os incómodos gerados pela intranquilidade do influxo de turistas com os automóveis a desqualificar a vila. Tal como em Monsaraz e Óbitos, o espaço intramuros só é acessível a pessoas e bagagens.
  • O desafio é agora colocado no futuro. E este conjuga-se com problemas de fixação de população, conservação e desenvolvimento. O turismo representa aqui um papel-chave nessa sedução e de melhoria da opção estratégica (regional) e do País. O valioso artigo de Domingos Bucho sobre a Candidatura de Marvão a Património Mundial (in Revista Cultural do Concelho de Marvão, Nº. 9/10, 1999-00 CMM) documenta eficientemente este dossier.
  • Marvão, onde também criei raízes, poderá fazer a sua globalização feliz pela via cultural: recaracterizando centros históricos, valorizando o espaço e as gentes através de ciclos de conferências temáticos, instituindo prémios dinamizadores da massa crítica da região e do País. O mundo, com as suas dinâmicas, é sempre um universo de territórios. Estes são não só o produto dos recursos que lhes confere uma identidade própria, quanto expressão dos recursos com que se promove a atracção de factores globalizantes que se localizam no interior desses territórios. Marvão poderá ser um desses espaços sub-nacionais que se constituem em sujeitos activos no processo de globalização feliz.
  • Marvão será essa rugosidade geográfica cristalizado em diamante universal reconhecido pela UNESCO. Ajudará ainda a mudar o rosto de Portugal quando falamos de globalização: fonte de diversidade cultural, atractor de símbolos universais, catalizador de redes locais e regionais no espaço competitivo nacional, gerando uma incerteza nas mobilidades globais hoje impossíveis de determinar.
  • Pelo que conheço, não tenho dúvidas que Marvão poderá ser esse espaço universal, actor de práticas culturais contextualizadas e em interacção institucional com o mundo. Um lugar mágico de trajectórias inesperadas e um símbolo de glocalização em que o local se torna mundial. Mas com a particularidade de ser Marvão a “fábrica das normas” que rege os hábitos que configuram os seus comportamentos naturais e institucionais na compreensão dos processos socioeconómicos contemporâneos.
  • Marvão tem essa espessura histórica e simbólica que, pela sua própria imagem, associa uma estratégia de promoção dos seus interesses no plano mundial.
  • Fonte: Cfr. o nosso - Em Busca da Globalização Feliz, Análise e Reflexão Política, Lisboa, Hugin, 2005.
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