quarta-feira

Globalização em Portugal

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Globalização em Portugal
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  • Portugal está confrontado com uma questão: como enfrentar os constrangimentos da realidade social e económica que o rodeia? Com a sociedade bloqueada, o País é incapaz de reagir à imagem da crise instalada. Haverá diferença entre o prometido e o realizado pela classe dirigente? Que significado terá o facto de em Portugal ter havido eleições legislativas antecipadas, precipitadas por uma derrota autárquica do PS que gerou, aparentemente, uma crise política por quem exercia o poder e ainda dispunha de metade da legislatura para concluir o seu mandato? Provavelmente, o engº Guterres, hoje com um pé no ACNUR, poderá dar a resposta…
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  • À luz da Ciência Política este facto não pode deixar de assinalar um facto negativo, deixando os portugueses gazeados com tanta irracionalidade gerada pelo reino do absurdo. Difícil é acordar deste sono político que nos adia a modernização e o desenvolvimento económico, social e político.
  • Movimento análogo foi desenvolvido pelo presidente do PSD, então primeiro-ministro de Portugal, hoje à frente dos destinos da Comissão Europeia. Estabelece-se, assim, em ambos os casos duas camadas de nevoeiro político difícil de furar, propiciando condições de afirmação do tal reino do absurdo que impede às mentes nacionais percepcionarem os factores de desenvolvimento do País e o desenho do modelo de modernização que melhor serve essa finalidade.
  • Se o leitor olhar para a sociedade portuguesa o que vê senão um aparelho bloqueado, com peças estragadas, outras reparadas e a funcionar a meio gás, perdendo competitividade relativa em todos os indicadores de desenvolvimento humano referenciados pela OCDE e pelo PNUD.
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  • Depois, se o leitor fizer uma interpretação dinâmica desta nossa triste realidade o que vê senão o filme desse mesmo marasmo, com o interior de Portugal a não conseguir acompanhar as ondas de choque e os sinais do exterior, daí resultando a tal indeterminação e indecibilidade na gestão dos factores de desenvolvimento que tolhem o País.
  • Em concreto, a sociedade portuguesa tem balanceado, nos últimos 30 anos, entre as origens de integração de Portugal na EFTA até à sua inclusão na dinâmica do III milénio, entre os imperativos de se adaptar competitivamente aos efeitos do exterior: interiorizando as normas de Bruxelas que obrigam à reformulação de comportamentos colectivos e, assim, provocar a mudança das concepções socio-económicas estabelecidas acerca do que devem ser os novos equilíbrios sociais, agora centrados na prioridade dos processos competitivos para afirmar a teologia desenvolvimentista cujos efeitos ainda não se fizeram sentir em Portugal.
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  • Durante algum tempo, para resolver as suas crises e desequilibrios, o País dependeu das instituições e das normas do exterior no interior (via FMI), quer na forma de programas de estabilização, quer na forma de directivas ou imposições oriundas da União Europeia. Mas agora há um problema acrescido: na Europa e no Mundo – a capacidade de diagnóstico e de decisão a partir do exterior diluiu-se. O resultado está à vista, com Portugal a sofrer da recessão mundial e europeia, sendo certo que quando esta lógica se inverter Portugal, por razões geo-económicas, também será dos últimos a beneficiar desse putativo efeito de arrastamento positivo.
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  • Nessa óptica, a circunstância do País ter conseguido sair-se bem das crises conjunturais do passado – mercê das intervenções consentidas do exterior – não é liquido que goze de igual sucesso no quadro das exigentes manifestações de crise trazidas com a globalização competitiva. Agora, nenhuma das variáveis está controlada, directa ou indirectamente, pelas economias mais avançadas do mundo. Esta é a novidade.
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  • Parece até que a arquitectura emergente do sistema de relações internacionais deixou de ter potência política suficiente, ou qualidade no plano da sua liderança, para corrigir esses desvios dinamizados pela crise económica global, terrorismo em rede (que é errático, catastrófico e suicidário) a par dum conjunto de contingências e indeterminações impossíveis de elencar, que se situam nos planos imaginário e simbólico do tecido das sociedades nacionais que formam o todo (identitário) mundial. Hoje, portanto, quer os sonhos como os pesadelos são globais…
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  • Nunca como hoje o sistema de relações internacionais registou tanta turbulência que fragmente a plataforma dos interesses comuns; nunca como hoje os problemas identitários, i.é, mitigando a cultura com a religião e a historicidade se imiscuem tanto no desenho dos modelos económicos, penalizando as respectivas produtividades e sistemas de distribuição social que, em última instância, acabam por afectar a formação do poder, a qualidade e dinâmica das decisões - vectores nucleares para o desenho de programas de desenvolvimento sustentáveis.
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  • Por isso é que o sucesso de Portugal – para cumprir a globalização feliz que lhe falta – terá de passar pela eficiente interiorização das principais tendências e correntes de modernização (tecnológica) que vêm do exterior. Assim, reduzirá os graus de indeterminação, indecibilidade e crise potenciando, por seu turno, os efeitos que o imaginário, o simbólico e o real possam ter na economia e na sociedade. Se estas funcionarem bem, as instituições do sistema político tenderão a acompanhar o ritmo, como uma radiografia de uma patologia que agora antecipa o seu efeito terapêutico na marcha para o progresso material e desenvolvimento espiritual dos povos.
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