terça-feira

Ainda o Papa e o Serviço Público Planetário e a Velocidade na Cosmopólis...

Image Hosted by ImageShack.us Não é isto admirável!?Image Hosted by ImageShack.us
  • Aquele olhar meigo. O sorriso para o mundo. A bondade no olhar, irrandiando luz e ternura. O toque na humanidade. A humildade que deu vox aos powerless deste mundo. O amor ao próximo. A resistência ao sofrimento e à intensa dor. O universalismo da mensagem. O mundo que tinha dentro de si. O conciliador. O político pró-perestroika que fez cair o comunismo planificado que matou em nome dos planos quinquenais. Enfim, Ele era a Revolução pela doçura, a revolução tranquila. O agente mobilizador das almas perdidas e das que o viam como um lúcido condutor de homens.
  • Em tudo o que tocava transformava... As excepções existem, naturalmente: o ditador Castro que ainda oprime o seu povo com a sua concepção fechada e arrogante da política e da democracia - que desconhece. Muitos corruptos do Continente esquecido - África, parte da Ásia. É certo que podia ter avançado mais em matéria de controlo da natalidade, interrupção da gravidez, posições sobre os anticoncepcionais, o acesso das mulheres à igreja. Mas há sempre o risco de quando se começa a reformar acabar por ser reformado. É assim na política, e a religão é apenas uma outra modalidade de política.
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  • João Paulo II conhecia bem o Leste Europeu, sabia que as reformas levam às contra-reformas, e a páginas tantas - ainda seria criticado, censurado no seio do seu próprio Estado do Vaticano por ser demasiado permissivo e liberalizador dos costumes. Ora os costumes da Igreja, que tem quase 2000 anos não se reformam. As mulheres têm o seu papel mas é fora da estrutura da igreja; a qual continua a precisar de almas novas para engrossar o rebanho, logo não se pode apoiar o controlo da natalidade ou a prática do aborto. Tudo isto seria defensável, em tese, se os três motores da economias mundial estivessem em pleno gáz. Sucede, porém, que os EUA, a Europa e a Ásia vivem uma fase de crise, e nalguns casos de recessão económica e social com os indicadores da micro e da macro-economia no vermelho. O desemprego globalizou-se, a deslocalização empresarial introduziu uma permanente turbulência no sistema, deixando políticos, empresários e financeiros sem um guia plausível para seguir uma rota credível. Os problemas do ambiente e da sida espelham a face negra da globalização.. Uma face agravada com o desemprego em massa, agora também afectando quadros qualificados, ante a impotência dos grandes decisores. O que torna mundialmente inaceitável, as posições ultra-conservadoras da Igreja, e, qui ça, fazendo-a perder influência no Ocidente, como dizia o amigo PMB.
  • Mas o que aquela bela imagem traduz é uma outra coisa, que julgo que o Papa João Paulo II, que acompanhei pela televisão nestes últimos quase 30 anos: é o casamento da modernidade com as coisas de antanho. O microchipe, que guarda milhões de documentos, com o sal e o azeite d'outros tempos.
  • De facto, Karol Wojtyla era adorável, com aquele sorriso maroto e meigo ao mesmo tempo. Sempre inquirindo quem o via, não tendo medo de afirmar, de perguntar, de partilhar a sua esperança na construção de um mundo melhor.
  • Também aqui, descontando nos vectores em que foi ultra-conservador (ou alguém por ele que se opunha às reformas mais problemáticas e fracturantes) , João Paulo II - foi o Papa das grandes velocidades, o Homem que compactou o espaço-tempo em que vivemos. Para ele o mundo tinha a distância duma mão, que anulava com uma simples imagem, uma simples palavra. Bastava aparecer. Em Roma ou em Fátima, o mundo era para ele um voo directo, sem escala nem aviso-prévio. Era a própria luz - na velocidade, na energia, na magnetização, na cor, no carisma, afinal, na bondade, no AMOR feito homem. O que nos leva a dizer que Cristo - passou por cá... (disfarçado).
  • Dito isto, perguntamos: será que o Homem se imortalizou, como Camões, Pessoa, Padre António Vieira, Eça de Queiroz, Martin Luther King, Kennedy, Marlyn Monroy ou qualquer outro homem grandioso que se tenha notabilizado? Pela minha parte, que é modesta, e não passa duma folha de crença, dum suspiro de fé, por vezes ofegante, quero crer que João Paulo II já se imortalizou, tornando-se ubiquo, eterno, ou seja, já se secularizou. Entrou nas nossas memórias e aí foi registado a lazer.
  • E como lidava bem como as novas gerações, no plano da abertura às novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, e no plano da aceitação das novas correntes de ideias corporizadas pela juventude que o seguia mais de perto, exercia na humanidade o tal poder de atracção - temperado com um particular afecto no olhar e no gesto - que era altamente desejável. Diria que daqui brotavam kilo-toneladas de saúde para as pessoas em todo o mundo, cuja única esperança nas suas vidas estava, tão sómente, em vislumbrar o Papa, mesmo que de longe. Ou através duma janela com um vidro basso que a fé logo se encarregava de transparecer.
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  • Nesta óptica, será que João Paulo II quereria construir, porque sabia das resistências que se lhe opunham no caminho, um falanstério à margem do mercado global? Estou inclinado em crer que sim. Pois as suas referências não estavam nem no comunismo, que oprimiu o seu povo durante anos, mesmo à custa de amputações territoriais, nem no velho sistema capitalista, que por só visar o lucro descuidava das verdadeiras necessidades do homem, bem mais importantes.
  • Portanto, capitalismo e comunismo eram como que as duas faces da mesma moeda, só que num dos lados o sistema vingou e impôs-se naturalmente, já não matando pessoas através do Gulag, denunciado por A. Soljenitzine, devidamente nobilizado, mas por intermédio da exploração desregulada e do conjunto de condições de trabalho que desvalorizavam os interesses e os direitos sociais das camadas mais baixas da população da economia mundial.
  • Mas o Papa ia sempre mais longe, destapando o fio do horizonte, revelando-nos o zenite que desconhecíamos. Integrou no seu magistério temas novos, como a biotecnologia - pensando nós que poderia viver mais uma década... Simulava o futuro, mas este revela-se sempre fatal, lembrando-nos, afinal, que todos somos mortais. Imortais são as nossas ideias, obras, afectos, actos de amor ao próximo - desinteressado, num pleno altruismo. Foi tudo isso que aprendi como aquele Homem. Nunca o conheci, nunca lhe apertei a mão nem beneficie da sua benção e, no entanto, julgava-me seu íntimo. Porventura, imodéstia minha, mas julgo ser absolvido - sabendo antecipadamente que muitos milhões de homens simples pensam exactamente como eu, mesmo que não o afirmem.
  • Afinal, onde nos quer conduzir o Papa com aquele portátil, cuja imagem roubei do blogue de José Adelino Maltez, também um filho de Deus, tocado pela inteligência e pelo talento de conceber e construir, pedra a pedra, como um templo, a sua novel obra - Tradição & Revolução (em 2 Vols., edit. Tribuna da História) ? Será a um espaço virtual, feito de simulacros que permitem ainda comprimir mais o tempo e o espaço - encurtando a Terra?
  • Julgo que a capacidade adaptativa do Santo Padre, o Pai Universal de todos nós, crentes e não crentes, era a de assinalar que o futuro passava por aí, mas atenção: pois - por aí podem também passar outros fios perigosos, que dão choques às pessoas, por vezes electrocutando-as. Tudo porque o Papa queria demonstrar à Humanidade que o actual estádio de globalização competitiva em que nos encontramos (nas famílias, nas empresas, na política e entre as pessoas) tem incomportáveis custos sociais e humanos. Por isso, ele aparece com aquele olhar simultaneamente maroto e preocupado, como se fosse uma criança madura, um velho-novo, entrevendo-nos através do Portátil - cujos direitos de autor em software pagou ao Bill Clinton - (que bem podia patrocinar mais empresas em Portugal) criando, assim, mais postos de trabalho
  • Julgo, pois, que o Papa nos queria avisar desse novo ponto avançado através dos perigos (e oportunidaes) que se nos abrem através desse decisor oculto que é a globalização da economia, da sociedade e da cultura. Tentando fazer com que todas essas dimensões avançassem ao mesmo tempo, e de modo convergente e sem custos humanos fracturantes. O Papa foi, também deste ponto de vista, um pensador pioneiro em matéria de doutrina social da Igreja, olhando para os mais pobres, procurando regular e humanizar a economia para, desse modo, nos libertar dessa onda de choque milenar que é a globalização - e da qual nos temos todos de libertar dos seus limites e condições. Sobe pena de deixarmos de sermos homens e passarmos a rastejar, como vermes... E se assim for, pensemos no desgosto que daríamos a Jesus Cristo... vendo-nos a todos a rastejar, ao fim de 2000 anos d'Ele se ter sacrificado, com dores terríveis, que só Ele sentiu, afinal, para nada. Pois nada evoluímos ao fim de tanto tempo. Um tempo em vão...
  • Julgo também descortinar uma outra mensagem naquele olhar majistral, puro e autêntico. Como se um pai ou um irmão mais velho tentasse salvar o filho da forca ou da boca de algum leão ainda não domesticado. Apesar do circo ser uma das maiores artes do mundo. Essa percepção consiste no seguinte: para o Papa, como creio, a mundiaalização não começou ontem, no séc. XX, nem no séc. XIX. O Papa, afinal, sabia História. Tal pressupunha conhecer esse sonho por dentro, o sonho de um império universal, que além de se confundir com muitas barbáries da Igreja, por que João Paulo teve a coragem de pedir desculpa à Humanidade, passava também pelo desígnio de uma cidade cosmopolita, ou global.
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  • Agora, numa análise mais fina e depurada, que tenho gosto em partilhar com o amigo PMB, que também se sentiu tocado pelo Papa, jugo que há ainda uma outra mensagem que o Papa nos quer transmitir através daquele portátil, que já deve ser um Pentium V que custa mais de 5000 euros e que as lojas da Fnac ainda não comercializam. E essa mensagem é inspirada no puro proselitismo das religiões do Universal. O Papa talvez tenha achado possível fundir num sistema - em gestação - as melhores características do capitalismo do séc. XVI, às descobertas de outros continentes - que entretanto foram saqueados pelos piratas da história que galgavam as ondas e conquistaram os mares.
  • Só que com as novas tecnologias, a mundialização torna-se globalização. O espaço e o tempo são comprimidos no presente, no tempo real, aqui e agora, incarnando no quotidiano que nos alimenta os sonhos, as ideias, os negócios, os projectos, tudo numa nova relação eisnteiniana de espaço-tempo. Agora, como diria alguém do MIT: We all be there...
  • O Portátil do Papa sinaliza essa transição, que vivemos hoje de forma tão aguda quanto dramática, incerta e turbulenta. É, no fundo, da mudança que falamos. A mudança de mudar, a transição para sociedades estruturadas pelas tecnologias da alta velocidade, a qual opera de forma desigual, criando injustiças entre as pessoas, adensando dramas pessoas que a política e a economia não resolvem e o dinheiro desconhece, desestabilizando sociedades inteiras, agravando o funcionamento de inúmeros sectores de actividade espalhados pelos continentes.
  • Estamos, pois, num terrível efeito de escala (planetária), que torna tudo diferente. Até o oxigénio que respiramos, que ainda não foi privatizado. Mas sê-lo-á...
  • Como cidadão crente em Cristo e devoto a João Paulo II, homem especial, que se tornou extraordinário pelo exemplo que deu à Humanidade, creio que muitos dos impulos que hoje conhecemos lhe podem ser creditados. Uma cultura religiosa amiga da juventude, inexistente no Pontificado que o precedeu. Um apoio à família, talvez aquém do esperado. Um estímulo ao conjunto das configurações induzidas pelas tecnologias das mega-velocidades. Mesmo se para tal, as comunicações de fraco suporte tecnológico, como o telefone, servissem de ponto de partida - que depois foi potenciado em grande escala pela TV e pela Internet e pelo conjunto das chamadas tecnologias da luz, cujas consequências sociais da sua generalização não são ainda totalmente conhecidas.
  • No fundo, o que procuro demonstrar, em partilha de conhecimento, que é sempre um acto sagrado e de fé no próprio homem, é que por acção directa ou indirecta de João Paulo II, pelas suas acções e omissões, mensagens, viagens, encíclicas e doutrinas, enfim, pelo corpo global da sua Obra - o Papa deixou-nos um legado repleto de rupturas e de indeterminação, mas também de inovação, invenção e Amor. Um amor que se pode converter em inteligência, talento, conhecimento e riqueza. Uma riqueza para garantir mais desenvolvimento, democracia e justiça social na economia e na sociedade civil mundial.
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  • Naturalmente, é próprio da liberdade escapar à matemática das previsões, que mesmo quando são feitas falham sempre. Por isso, o melhor é não as fazer. Poupamos a vergonha de não falhar em voz alto.
  • Hoje, aqui e agora, enquanto aquele Santo corpo navega pela Praça de S. Pedro, pondo-se a jeito aos mirones do mundo, como se a morte fosse uma festa permanente e servisse para expiar os pecados pessoais da humanidade, interrogo-me se este nosso mundo merecia um homem daquela qualidade moral e humana, que entretanto se transcendentalizou...
  • É aqui que me deparo com a resistência da dúvida, cartesiana e russeliana e bato três vezes com a cabeça no muro das lamentações para ver se desse estremecimento monoteísta brota ideia nova. Ou seja, este Papa foi único, excepcional, já consta do catálogo de imagens das nossas memórias - mas será que por sua acção o Homem passará a reconciliar-se mais fácilmente consigo próprio e com os outros no percurso da sua Vida?
  • Será que o seu exemplo foi assim tão forte que nos transformou por dentro? A ponto de quando pensamos matar uma mosca, pisar uma barata, criticar Santana Lopes (que já está morto, se é que alguma vez nasceu), ofender um amigo - arrepiamos caminho - só porque nos lembramos das tais imagens de catálogo que temos guardadas na nossa memória!?
  • Será que o Sr. Bush deixará de fazer guerra, mesmo que legítima e vise salvaguardar os direitos humanos num qualquer país do mundo, só porque associa essa sua acção à cosmovisão legada por João Paulo II?
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  • Será que o Sr. Barroso (que rejeita até o seu próprio nome - Durão), que foi para Bruxelas deixando Portugal a arder - sendo o responsável que precipitou tudo, inclusivé o "assassino político" do seu colega e ex-rival S. FLOpes - passará a ter algum talento político no quadro da coordenação das políticas europeias só porque - de quando em quando - faz umas declarações lidas em teleponto onde menciona ou referencia algumas encíclicas papais?
  • E que dizer dos principais líderes políticos da Europa e do mundo..., que pensarão eles nos intervalos das decisões - quando têm o quadro do Papa sobre as suas cabeças?
  • Confesso que a minha crença aqui é muito céptica. Talvez seja uma descrença na própria razão. Pois, neste particular sou como os russos, que dizem que um realista é um pessimista bem informado. E o pior é que por vezes as pessoas mais bem informadas são aquelas que pior decidem.
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  • Seja como for, para mim a imagem e, daqui por uns anos, o ícone Papal, representará uma reconcialiação (mesmo que perene) da Humanidade consigo própria. Talvez em igual número dos dias de férias que a Humanidade tirou para ir passear até Roma, expiar os seus pecados, comer umas pizzas, comprar uns fatos Armani, uns sapatinhos da moda e, de caminho, pensar na tal Cosmopólis - ainda por desenvolver.
  • Mas o que é que isto significa? Recordo que todas as utopias encerram sempre elementos de sonho e outros que podem ser realidade. E a dada altura perdemos o controlo e deixamos de saber quem é quem no meio dessa construção política e filosófica em busca da perfeição do edifício humano. Mas é nesse trajecto do pensar que os contornos afloram, apesar de fiugazes nos ecrãs da TV. Mas convém recordar que há 30 anos - já o sociólogo canadiano - Marshall MacLuan, quando tentava apreender o verdadeiro valor dos media, descortinava, pela televisão, os contornos da tal aldeia global - que o tornou conhecido no mundo inteiro.
  • No nosso tempo, com a Internet, descobrimos que as muralhas da cidade global e as suas portas, portões, janelas e postigos - ainda estão fechados para milhões de pessoas. Se conseguirmos todos dar uma valente sova nestas estatísticas que nos envergonham a todos - estaríamos, creio, a revalorizar aquele belo sorriso de carinho e Amor que João Paulo nos deixou. Através daquele portátil, das visitas a Fátima e do muito que dele guardamos nos nossos corações.
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  • Será que conseguimos? Há dias um amigo dizia-me que era muito mais feliz ao tempo das máquinas de escrever... E você???
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