terça-feira

Adelino Maltez no Diário Económico (entrevista)

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us Será que eles dizem o mesmo há anos!? Se sim, porque só agora um deles é ouvido??? Universidades Terça, 5 de Abril de 2005 Adelino Maltez lança ?Tradição e Revolução? Ensino Superior “Temos tido lideranças de homens médios
  • Entrevista conduzida por - Márcia Galrão
  • in Diário Económico, 5 de Abril de 2005
As crises não são de agora, diz o escritor.
  • Na apresentação do seu mais recente livro, “Tradição e Revolução, volume II”, José Adelino Maltez, professor catedrático do ISCSP, falou da crise das elites e do papel de Portugal no mundo. Uma visão sobre a política de hoje e os erros do passado.
  • Quais das nossas crises históricas estão ainda por resolver?
  • Eu não falo aqui da conjuntura actual. A história de Portugal é a história da crise. O problema da crise histórica é o problema de um estado com a nossa dimensão e com o complexo de Alcácer Quibir de um Estado que foi grande. A meu ver a principal crise é a da má relação entre o povo e as elites. As nossas elites são muito estreitas.
  • Platão contava uma história para explicar o que era a política, de que antigamente os homens viviam felizes enquanto o rebanho dos carneiros, que era o povo, era comandado por um pastor, que era Deus. A certa altura os deuses zangaram-se com os homens e o pastor passou a ser um carneiro igual aos outros. E o nosso problema é o do carneiro igual aos outros. Como é que vamos ter um comando igual à média geral do povo? O nosso regime, que é o melhor de todos até agora, tem tido lideranças de homens médios, Zé Povinhos burgueses tipo Mário Soares, que exprimem os defeitos e virtudes do homem médio. E as nossas crises têm um pouco a ver com o Sócrates, com o Durão, com o Santana. Temos que nos habituar a ter carneiros a comandar o rebanho.
  • É possível resolver esse problema das elites no médio-prazo?
Vai ter que se resolver. Tem havido um investimento das famílias, mas não resulta imediatamente, temos agora uma crise de emprego de pessoas formadas, o que é dramático. Mas é melhor ter esta crise do que ter de fome ou falta de preparação. Os nossos políticos se conhecessem bem o que se passou há 100 anos não repetiam os erros. Porque não percebem que quando a história se repete ou é uma tragédia ou uma comédia. Felizmente em Portugal é uma comédia.
  • Temos uma esperança colectiva em demasia ilusória, porque não mudamos nada, só mudamos o artesanato e depois vem o desencanto. O que nos garante a sobrevivência é termos uma missão a realizar no mundo e se Portugal estiver muito aflito eu sugiro a solução do Agostinho da Silva: pedir a integração no Brasil, ou eventualmente em Angola.
  • E tudo isso não passa pela integração europeia?
E que bem aí estar. Porque assim somos os representantes da República armilar do Brasil na Europa. É um jogo de pluralidade de pertenças. O Brasil é um seguro de vida e é preciso ter uma visão armilar e global do próprio papel de Portugal no mundo.
  • Marcelo dá nota muito positiva
“Tradição e Revolução” é uma biografia do Portugal político desde 1820, da autoria do professor Adelino Maltez. Marcelo Rebelo de Sousa foi o responsável pela apresentação no Palácio Galveias numa sala repleta de personalidades conhecidas. O professor Marcelo apontou as maravilhas do livro e aproveitou para sugerir que a sua leitura fosse “obrigatória para todos os deputados e futuros governantes, para se prevenirem e verem o que os espera”. Para o comentador “é fácil amar Portugal depois de lermos os dois volumes”
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