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Fusão de universidades, mas manutenção das autonomias e especificidades. Competição e qualidade das formações

Os reitores António Cruz Serra, da Universidade Técnica de Lisboa, e António Sampaio da Nóvoa, da Universidade Clássica de Lisboa Fotografia © Global Imagens/Natacha Cardoso
(...) os dois reitores asseguram que este projeto, que visa fundir universidades clássica e técnica, é desenhado tendo em conta o atual estado do País, prometendo reformular a oferta educativa sem exigir uma dotação extraordinária do Orçamento de Estado.
Declarando esta a maior mudança no sistema universitário português desde sempre, Cruz Serra e Sampaio da Nóvoa explicam o funcionamento previsto para a nova universidade, garantindo que as várias escolas não irão perder a sua autonomia e que nenhum funcionário não docente será dispensado. E asseguram que o estatuto de fundação pública de direito privado permitirá que a instituição - que resultar desta fusão - funcione de forma mais eficiente, com utilização mais eficaz dos seus recursos, tornando-se competitiva a nível internacional.
Obs: Medite-se nesta crucial questão para o futuro do país.
O objectivo é criar uma universidade com dimensão suficiente para entrar na lista das 100 melhores do mundo.
Um reitor, uma reitoria e um único serviço de acção social escolar. Este poderá ser o resultado do processo de fusão que já está a ser preparado pelos conselhos gerais das Universidade de Lisboa (UL) e Técnica de Lisboa. "Através desta fusão" pretende-se "encontrar uma nova universidade ou consórcio de instituições que tenha dimensão e massa crítica", revelou Luísa Cerdeira, pró-reitora da Universidade de Lisboa, numa entrevista ao programa Capital Humano transmitido na ETV, quinta-feira, às 14h15. "Este é um processo que está a decorrer ao nível dos dois conselhos gerais", acrescentou no programa, que é uma parceria com o suplemento Universidades & Emprego do Diário Económico. Há que saber "nas diferentes áreas científicas se se consegue reunir o que há de melhor" nas duas instituições, "criando pólos de excelência que possam ser competitivos em termos internacionais", sublinha Luísa Cerdeira. Até porque as duas instituições são "complementares nas áreas científicas de cada uma delas" e não têm sectores de formação repetidos.
Neste momento, já há grupos de trabalho que estão a estudar os cenários da fusão nas áreas das ciências da vida, ciências sociais e humanos e ciências exactas. Para já não deverá haver alterações nas faculdades porque não existe sobreposição de áreas entre as diferentes universidades. Tudo dependerá agora do desfecho das eleições para reitor da Universidade Técnica de Lisboa. A velocidade de concretização do processo poderá depender de quem vencer. Na corrida estão António Cruz Serra, presidente do Instituto Superior Técnico, e Nuno Valério, professor catedrático do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). Mas nenhum dos candidatos se opõem à fusão das duas instituições. O vencedor desta corrida eleitoral deverá ser anunciado no próximo dia 5 de Dezembro.
Um sonho antigo
A concretizar-se esta fusão, o resultado será a criação de uma mega- universidade com mais de 46 mil alunos, a maior do país. O objectivo final deste processo será criar uma instituição com dimensão suficiente para entrar na lista das 100 melhores do mundo. O sonho foi anunciado há cerca de dois anos por António Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, que durante o processo eleitoral que levou à sua eleição defendeu a hipótese de "processos de fusão e integração institucional". Uma vontade que o Diário Económico revelou no Suplemento Universidades de 21 de Abril de 2009. Um projecto apoiado por Ramôa Ribeiro, o reitor da UTL, que faleceu antes de ver este projecto concretizado.
Reorganização inevitável
Durante a entrevista ao programa Capital Humano, Luísa Cerdeira, pró-reitora da Universidade de Lisboa, defendeu a necessidade de reorganização da rede de ensino superior, porque existe "uma oferta muito dispersa e diversificada" de cursos, mas "não nos devemos precipitar porque este processos devem ser pensados e ponderados". Recorde-se que no programa do actual governo defende-se a necessidade de "estudo de medidas conducentes às reorganização da rede pública de ensino superior". A pró-reitora da UL defende que "a tutela deveria ter sido mais exigente na regulamentação da rede pública e privada".

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