sexta-feira

Glória sem poder no âmbito da Cimeira da NATO

Vemos aqui Sócrates e Rasmunssen, secretário-geral da NATO, em que o PM promete reforçar a participação das nossas forças militares na missão afegã, no âmbito da NATO. E aí serão gastos mais uns milhões de euros em capital de prestígio, em capital-simbólico que exaure ainda mais o nosso já deficitário budjet recolocando a vexata quaestio de ou há canhões ou há manteiga. Sendo que hoje precisamos mais de manteiga, leia-se de economia de bem-estar, ante a recessão que já domina inúmeras economias europeias.
Mas, enfim, este é o passivo de sermos um país anfitrião da Cimeira da NATO, de sermos um país euro-atlântico com uma posição geoestratégica importante para os EUA e a Europa no mundo. Será sempre este o nosso destino pela posição geográfica que ocupamos.
Mas o ponto que sublinho é outro e remete mais para o cálculo político doméstico do que para a correlação de forças no campo internacional. O raciocínio é o seguinte: é sabido que se amanhã houvesse eleições, Sócrates seria despachado para casa sem dó nem apelo, e, provavelmente, o novo locatário de S. Bento seria o verde PPCoelho. Ou sózinho ou mediante uma coligação com o cds/pp - que é um partido satélite do PSD que serve ou está vocacionado para ocupar cargos de poder.
Neste cenário, Sócrates perderia de facto o poder, mas já teria conquistado a glória pela eficiente consecução da Cimeira da NATO em Lisboa - onde se afina o carburador do conceito estratégico emergente desta importante organização defensiva.

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