Mensagem - de Fernando Pessoa -
A genialidade de Fernando Pessoa é tanta e tão rara que comemorá-lo pontualmente acaba por ser ridículo, Pessoa integra o melhor de Portugal, independentemente da comemoração do 75º aniversário da "Mensagem". Que actualidade tem, pois, a Mensagem? Encerra um saudosismo que nos prende ao chão, enquanto entidade colectiva, ou representa uma mola impulsionadora que nos permite construir novos futuros, rasgar novos horizontes em todos os domínios do conhecimento e sectores de actividade, mesmo já sem império e com muitas pouca profecias, sem tons épicos e até com muitos políticos medíocres, retrógrados e paroquiais. Quem vence, afinal, Portugal: o passado mole e pastoso ou o futuro incerto e também promissor?! Em rigor, pensar e repensar Fernando Pessoa deveria estar sempre na ordem do dia, porque nele Portugal é obrigado a rever-se no D. Sebastião da Mensagem, o Encoberto, o que há-de voltar na manhã de mais cerrado nevoeiro, quando toda a esperança parecer perdida e, ao mesmo tempo, é ao Menino - que jamais se resignou a ser adulto no Rei de Alcácer e o Menino que se resignou a ser adulto nos melhores homens do mundo, como defendia Agostinho da Silva, que ainda conviveu com Pessoa. Se a chave de Portugal estiver no menino, nos meninos, nos adultos e homens de amanhã, então é necessário que os novos impérios da educação e do conhecimento, da C&T, da produtividade e da competitividade, da inovação e criatividade, do empreendedorismo, da determinação, enfim, na coragem e sorte em construir algo que desactualize os velhos mapas e obrigue a desenhar outros, que serão os guias do futuro na economia e na modernização da sociedade e do Estado. Como? Valorizando a língua portuguesa, apostando no espaço lusófono, criando também aí os impérios do futuro. E se um dia, na companhia de Fernando Pessoa, pudermos dizer: sou, de facto, um nacionalista místico, um sebastianista racional, talvez possamos encarar o futuro como uma bela assembleia de heterónimos que nos permite ter melhores ideias e mais projectos que alavanquem a economia nacional - que hoje alguns asseveram estar doente.
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