terça-feira

Santana Lopes - What goes around, comes around. O mito de Ícaro

Se o valor da responsabilidade em política fosse levado à letra no trajecto público de Santana Lopes ele seria um inimputável: seja ao nível governamental, desportivo e até autárquico. A forma como aparece e desaparece da cena pública, qual zombie, pretendendo reclamar para sim importantes cargos públicos sem dar as devidas contrapartidas em termos de empenhamento à causa pública e às populações, espelham bem a sua forma política irresponsável de estar na vida.
Nunca lhe dei valor político, nunca o achei à altura das responsabilidades que teve, por isso estranho até como conseguiu o score eleitoral que obteve na capital coligado com o Paulinho das feiras, das lavouras e dos mercados. Significa isto que Santana sempre quis dar o passo maior do que a perna, tem uma ambição maior do que o seu verdadeiro valor facial que em tempos Cavaco cunhou de má moeda e que agora apoiou através de Ferreira Leite, a principal derrotada nestas eleições autárquicas.
Mas Santana agiu assim porquê? Por ingenuidade, estupidez natural ou mera ambição pessoal?
A forma errática e desabrida como tem actuado nestas últimas duas décadas faz dele um "jovem velho" e decadente que ignorou as recomendações dos amigos mais velhos e sábios - para que não voasse tão baixo - visto que as ondas do mar pudessem molhar as suas frágeis penas, nem tão alto que o calor do Sol derretesse a cera que colava as penas, como no mito de Ícaro...
Foi esta precaução que Santana nunca teve que fez dele sempre um desmedido e ambicioso actor político que o tornou quase sempre dispensável na construção de um governo sério ou do funcionamento de qualquer organização com finalidade pública. Sanatana apenas deseja duas coisas: poder e ribalta, de preferência bem paga... Sempre se esteve a marimbar para as necessidades reais das populações.
Santana esqueceu-se que não podia voar nem muito baixo, nem muito alto sob pena de se espatifar. Até domingo último viveu mais um frenesim, deambulou como um ciganito a quem roubaram a tenda, o cavalo e o chapéu...
Mas, na realidade, Santana alimenta-se dessa euforia, desse vórtice do vazio, desse voo sem finalidade nem direcção social, e, agora, arrisca-se a afogar-se no mar depois de estar muito próximo do calor que lhe derreteu as já débeis asas...
Para mim, que nunca dei politicamente nada por ele, nem pela sua madrinha forçada em Lisboa (Ferreira Leite), nada disto me surpreende. Ele apenas poderia ter poupado os lisboetas de mais este incómodo, pior do que certas obras na via pública...
Justin Timberlake- what goes around,comes around(live Paris)