sábado

O ódio do PCP Vital Moreira

A foto é nossa, picada no programa da dona Fátima, o Prós & Contras.
in Jumento
O ÓDIO DO PCP A VITAL MOREIRA "Aquilo que os militantes do PCP sentem por Vital Moreira é ódio irracional, mais do que qualquer "capitalista explorador" o PCP odeia os seus meninos de ouro, Vital Moreira e Zita Seabra, um era o menino bonito da elite do partido, a outra era o símbolo da jovem trabalhadora, ainda por cima casada com Carlos Brito que era um dos dirigentes do partido. Vital Moreira não era um militante qualquer, foi um dos que redigiram a Constituição e o símbolo do PCP no meio intelectual. Depois de Vital Moreira e outros saírem o PCP perdeu influência nalguns meios, ficando acantonado no mundo sindical. O ódio do PCP por Vital Moreira é irracional, vai muito para além do ódio a um traidor que Vital nunca foi, foi um dos mais brilhantes intelectuais do partido que o abandonou."
Obs: Este ódio era tão previsível como as relações entre um Fidel e um Che Guevara, ou um Staline e um Trotsky, salvaguardadas as devidas distâncias. Este ódio é, clínicamente, explicado pelo temor que o "próximo-semelhante" causa na gestão dos processos internos, é o problema da "sombra" que "o importante" faz ao "muito importante" (sucede assim com muitos secretários de Estados - que passam a ser odiados pelos respectivos ministros, e vice-versa) - e das lutas fratricidas, sempre as mais violentas. A isso soma-se a inveja e o élan que Vital tem na sociedade, além duma cultura geral e uma especialização jurídica fora do comum, mormente na área do Direito Constitucional e Comunitário, onde tem produzido obra relevante em Portugal.
É, no fundo, a teoria do irmão-inimigo (do passado de militância de Vital no PCP) que agora, em contexto socioeleitoral, aflora nas hostes mais radicais do PCP.
Pensa, fala e escreve bem, é rápido e combativo e tem ainda uma dimensão virtual na blogosfera - através do seu blog - que é de salientar. São poucos os académicos de nível que conseguem alimentar estas duas frentes: a real e a virtual. Mas Vital Moreira e, já agora, o José Adelino Maltez, outro brilhante politólogo (também jurista) - preenchem esses dois espaços de produção de ideias.
Era para escrever esta súmula bem sistematizada pelo Jumento, mas ele antecipou-se. Bem sei, por outro lado, que Vital Moreira não cita ninguém, mas devia porque também aprende com os outros, sobretudo se os outros produzirem análise diáriamente, além de serem blogues que visita. Há dias tive o gosto de o conhecer pessoalmente aquando do lançamento de um seu livro apresentado por outro jurista qualificado com quem muito tenho aprendido, o António Vitorino.
E, portanto, para mim era previsível que as hostes do PCP (ou algumas delas) se comportassem como verdadeiros bandidos predispostos à violência urbana como forma de expiarem os seus pecados históricos e ideológicos nesta campanha para as europeias.
O próprio Vital, que conhece bem os "cantos à casa" (leia-se, o PCP e suas hostes), já estava devia estar a contar com isso, e até fez bem em fazer - de forma peripatética - o paralelo com Mário Soares e a Marinha Grande. Dessa vitimização, que é legítima, ainda vai arrecadar mais uns votinhos.
É óbvio que não vamos aqui defender a tese segundo a qual se o acidente fosse mais grave, e Vital acabasse a tarde a levar uns pontinhos na cabeça no banco do Hospital Sta Maria - mais votos teria. Na realidade, Vital irá merecer os votos que conseguir obter por mérito próprio, por ter um corpo de ideias sobre como melhorar o funcionamento das instituições europeias, e isso é um activo político que não será ofuscado por uma eventual cabeça partida em resultado do fanatismo idiota das hostes da Soeiro Pereira Gomes.
O problema de Vital é que deveria ter percebido onde andava metido muito antes da queda do Muro de Berlim. Deixando o PCP só após essa data (1989/91 - ao tempo das revoluções de veludo do Centro e Leste europeu que T. Garton Ashe e Ralf Dahrendorf estudaram e explicaram) - foi tarde demais, senão para a sociedade, pelo menos para os velhos estalinistas do PCP, os mesmos que (nunca mudam) e ontem o agrediram. E amanhã, farão exactamente o mesmo por uma razão simples: os "comunas" nunca esquecem.
Fariam exactamente o mesmo a um brilhante Luís de Sá - que foi ceifado na flôr da vida, e que se hoje fosse vivo teria reformado e reciclado o partido comunista mais retrógrado do mundo, a par da China e da Coreia do Norte - que tem discípulos fervorosos na bancada parlamentar do PCP no hemiciclo da AR.
Esta será uma sombra que o perseguirá para sempre, ainda que Vital ganhe estas europeias.