sábado

PS não está com medo de discutir temas nacionais, garante Sócrates

Lusa
Reportagem da jornalista Bárbara Baldaia no Fórum Novas Fronteiras, onde José Sócrates garantiu que o PS não vai fugir às questões nacionais durante a campanha das europeias
«Estas eleições são sobre a Europa, mas nós podemos discutir as questões nacionais quando quiserem. Temos muito orgulho no trabalho que fizemos nestes anos e em todo o processo reformista», disse o primeiro-ministro.
O secretário-geral do PS reagia assim ao facto de o cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel, ter frisado que quer discutir questões internas na campanha eleitoral, distanciando-se de Vital Moreira, que lidera a lista socialista para o Parlamento Europeu e que apresentou uma posição diferente.
Na sua intervenção no Fórum Novas Fronteiras do PS, em Lisboa, José Sócrates afirmou também que a escolha de Vital Moreira para cabeça de lista do PS significa «abertura», numas declarações entendidas como uma farpa ao PSD, que escolheu o líder parlamentar do partido para encabeçar a lista para as europeias.
«Nós não quisemos um cabeça de lista que fosse um aparelhista do partido», mas antes «um universitário, um homem de cultura, um político com ideias e provas dadas ao serviço do país», sublinhou o primeiro-ministro, que encara a abstenção como o maior inimigo nas eleições europeias, agendadas para 7 de Julho.
Vital Moreira, que também marcou presença no Fórum Novas Fronteiras do PS, assegurou igualmente que está preparado para discutir temas nacionais durante a campanha eleitoral.
«Estou pronto para discutir tudo, mesmo quando se trata de instrumentalizar as eleições europeias para outros efeitos», garantiu.
Já Jorge Sampaio, cuja intervenção no Fórum Novas Fronteiras foi muito aplaudida pelos socialistas, alertou para a necessidade de mobilizar os cidadãos para as eleições para o Parlamento Europeu. «Chegou o momento de unir esforços para criar um sobressalto cívico», frisou.
O ex-Presidente da República defendeu ainda que Portugal não pode contentar-se com uma posição passiva no processo de construção europeia.
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Obs: Mais Europa é sinónimo de melhores decisões políticas para os Estados membros e os povos e respectivas sociedades que integram essa união de Estados sui generis. Que é mais do que uma confederação de Estados e menos do que um federação à americana.
Mais Europa significa mais transparência e menos corrupção na vida das sociedades, e isso é um activo comunitário a sublinhar na economia europeia. É mais poderes fiscalizadores para o Parlamento Europeu - onde Vital Moreira se irá sentar e ter uma vox activa em nome de Portugal. Sendo que a ratificação do Tratado de Lisboa no final deste ano, e após o referendo na Irlanda - significará melhor cidadania europeia nesta união de Estados - que também é uma união de cidadãos, nesta dupla natureza resultante duma complexa e sui generis dinâmica política e arquitectura institucional.
Que também comporta o reconhecimento da Carta dos Direitos Fundamentais da UE (CDFUE) e a adesão da UE à Convenção Europeia dos Direitos do Homem (CEDH) - consagrando, desse modo, mecanismos de democracia participativa dos cidadãos europeus, especialmente em matéria de iniciativa popular. Uma outra vantagem do Tratado de Lisboa - como lembrou o jurista António Vitorino. Até já noutra ocasião o tinha feito.
De resto, o próprio António Vitorino salientou um vector de extrema importância e que nos passa despercebido, mas sem o qual hoje Portugal estaria muito mais vulnerável aos ataques especulativos da nossa moeda (o escudo) - caso não tivéssemos entrado no mecanismo da Moeda Única - que ajudou a estabilizar os mercados financeiros, apesar da crise global (que é de confiança) que assolou as economias de todo o mundo.
Com mais Europa, mais fácilmente se encontram decisões de combate às offshores. Mais Europa é sinónimo de mais regulação e, portanto, também mais economia social de mercado - crucial na protecção ao desemprego, à saúde e às camadas mais envelhecidas da população europeia.
Além de que a Europa pode aproveitar a nova direcção política de Obama para redefinir a liderança da Europa vis a vis à liderança norte-americana, da qual deverá resultar um novo multilateralismo.
E uma aposta na resolução pacífica dos conflitos regionais com maior abrangência e eficácia, investindo também numa nova geração de políticas sociais e de ambiente que irão criar novos postos de trabalho na economia verde emergente.
Eis algumas ideias importantes sistematizadas por António Vitorino, que tem coordenado as Novas Fronteiras imprimindo uma dinâmica política ao PS - seja no contexto do debate de questões domésticas seja, doravante, no quadro do debate europeu que tem inevitavelmente de se travar nas eleições europeias.