segunda-feira

Algumas Notas Soltas de António Vitorino - aqui do burgo -

António Vitorino está manifestamente satisfeito com a eleição de Barack Obama na República Imperial. Defender que Obama representa o 1º retrato da América do séc. XXI - é uma imagem feliz que traduz o homem e o momento.
O mosaico que o elegeu foi expressivo: afro-americanos, latino-americanos, jovens, mulheres (nm Bill Clinton..., que maldade!!! para Hilary, evidentemente...) - todo o espectro sociológico da América profunda votou Obama - que revelou uma contenção e uma disciplina que hoje se exigiria aos sindicatos na questão da Educação em Portugal.
Estes efeitos combinados revelam, especialmente ao nível demográfico, uma viragem na composição sociológica da América. Uma América feita mais à base de mosaico, o que obrigará, doravante, os partidos políticos a contemplar essas mudanças no discurso, na linhas programáticas e nos objectivos estratégicos a atingir.
Por outro lado Obama, e disso fez prova a declaração aos media três dias após o resultado das eleições, fez questão de alinhar objectivos imediatos para atender às necessidades concretas das famílias e das empresas. A saúde e o emprego serão prioridades, tal como em qualquer economia europeia que hoje sofre os efeitos nefastos da globalização predatória e da deslocalização das multinacionais que potenciam esses riscos e oportunidades no campo económico e social.
Também na esfera da política externa Obama se defrontará com os chamados objectivos nacionais permanentes dos EUA no mundo. E a região do Médio Oriente é um desses pilares, embora se coloque a questão da retirada do Iraque - que tem sido um sorvedouro de recursos e de impostos aos americanos, que se agrava com o recrudescimento de ataques terroristas. Talvez aqui o seu adversário nas eleições, o republicano McCain, poderá desempenhar um papel activo nas negociações conducentes a essa retirada das tropas norte-americanas do Iraque. No Afeganistão, ao invés, a política poderá assentar no reforço da presença militar dos EUA, desde que acompanhada por igual esforço militar dos contingentes europeus.
No que diz respeito à ONU, trave mestra das questões da Paz e da Guerra - de que se fala carece de reforma práticamente desde a sua fundação em 1945, ela continuará a ser o único referencial onde-todos-falam-com-todos no sistema político global. Como multilateralista - Obama só poderá reforçar o seu papel no mundo, talvez ao nível das agências especializadas que hoje fazem um trabalho meritório no domínio da cooperação ao desenvolvimento e no apoio humanitário em resultado das guerras civis e dos refugiados que elas implicam nos países de fronteira.
Depois sobrevém um lote de questões de extrema importância e actualidade, que visa a regulação da economia e das finanças internacionais, o que exigirá aquilo que tem faltado em toda a Europa, até em Portugal: supervisão, regulação e outros mecanismos de combate à fraude evasão fiscal e contabilidades criativas que hoje integram práticas ilícitas de inúmeras instituições financeiras.
Por fim, a questão quente do momento que contrapõe governo, sindicatos e profes. Em tempos, António Vitorino avançou com a ideia de um fórum assente numa Comissão conjunta para estabelecer novas pontes e relançar as negociações com vista a fazer ajustamentos no modelo de avaliação.
Mas como estamos em conjuntura de eleições e os sindicatos pautaram a sua atitude por uma reserva mental, que lhes permite desfazer o que subscreveram na véspera (próprio da cartilha da escola comunista e do seu dupli-pensar que George Orwell explicou bem no seu livro 1984), é natural que a contestação social seja recorrente. Veremos é se os profes compram mais essa guerrinha ou se, como seria útil, fazem chegar à 5 de Outubro mecanismos de aperfeiçoamento que agilize o modelo de avaliação com vista a libertá-los para as tarefas verdadeiramente importantes na educação: transmição de conhecimentos.
Mas no meio de toda esta "cegada" não deixa de ser curioso ver uma senhora já de idade avançada, a srª Ferreira leite, que há muito deveria estar em casa a fazer o bacalhau espiritual e a dar a mamada ao seu netinho, fazer uma cambalhota com mortal encarpado só para regatear uns votinhos ao lado do sindicato afecto ao PCP, perdão, à Fenprof.
Tenho para mim que quando Louçã se fartar da política e regressar em full-time à academia, será a srª Ferreira leite, se entretanto não for substituída por Passos Coelho, quem lhe disputará a liderança no BE. Mas antes disso ainda veremos a srª Leite descer a Av. da Liberdade de braço-dado com o camarada torneiro-mecânico Jerónimo de Sousa - em prol duma manifestação pela qualidade do ar no Marquês de Pombal e pela defesa e preservação do gafanhoto de 7 asas - que esté em vias de extinção nas estreitas ruas da Lapa.