sexta-feira

O 1% contra os 99% da blogosfera, segundo Pacheco Pereira. A boa e a má moeda virtual

Foto translúcida tirada no programa QC, SIC notícias.
Confesso que apreciei ver hoje a QC - donde esta imagem foi batida - posto que os três intervenientes convergiram na avaliação do erro com base nos métodos patrimonialistas utilizados na CML em matéria de atribuição de casas desde o 25 de Abril. Métodos esses que remontam ao tempo de N.K.Abecassis que não mais poderiam perpetuar-se por razões de legalidade, moralidade e de justiça social.
Dito isto, sublinho aqui uma equação de proporção que o analista Pacheco Pereira acentuou no referido programa, qualificando a blogosfera boa nos 1% e a blogosfera má nos 99%. Um pouco como o artigo de Cavaco há anos no Expresso para cilindrar Santana Lopes - referindo-se à boa e má moeda.
Confesso que desconheço estudos e estatísticas que garantem aquela proporção, que, naturalmente, não passará duma caricatura de conveniência discursiva. Também desconheço em que proporção se inscreverá o blog do referido analista - cujos artigos de opinião, salvo os sectarismos politico-partidários do costume, gozam até de valor histórico, literário e sociopolitológico. Mas enquanto blogger - acho o seu espaço muito aquém das suas potencialidades intelectuais, razão por que há uns anos até chamei ao Abrupto de JPP - um velório ou uma antecâmara de uma agência funerária. Mas Pacheco também não precisa do blog para afirmar uma ideia, expôr um pensamento - ainda que um e outro possam, na prática, revelar pouco interesse para a comunidade ou mesmo para o País. Ele tem muitas antenas, porventura, em demasia, para o valor das ideias que expende.
Mas enquanto bloger sempre pensei que Pacheco Pereira fosse um pouquinho mais estruturado, pedagógico na objectivação daquilo que poderá ser a boa, a má ou a melhor blogosfera. Ou seja, ele poderia, na linha Bruce Sterling, enquadrar a qualificação da blogosfera em três grandes tipos que reflectem o mundo contemporâneo:
1. O modelo de Cassandra - que actua em tons melodramáticos e catastróficos. Infelizmente, é este o actual mundo de Ferreira leite - tão catastrófico quanto melodramático. Par azard - Pacheco Pereira é o gurú da srª Leite, o que revela - que quando esta asneira (e fá-lo frequentemente) é toda a concepção intelectual (e de super-assessor) de Pacheco que entra em crise, de resto um sintoma da estratégia do silêncio em curso na Lapa de Leite. Por isso, quando PPereira se reportou aos assessores - não sei se ele estaria a incluir-se nessa categoria por ser neste momento o principal conselheiro de manuela Ferreira Leite.
2. O modelo do dr. Pangloss do Cândido de Voltaire - defendendo uma concepção radicalmente optimista, onde não há espaço para a existência do mal. Demasiado naif...
3. O modelo do vendedor de apólices de seguros - que enfiam o barrete a qualquer pessoa menos avisada, mas é também aqui que identificamos os autores de espaços de análise que não conseguem explicar os acontecimentos excepcionais, que furam a malha da linearidade e surpreendem a análise para a qual são necessários conceitos emergentes para explicar as novas tendências que tecem as malhas do mundo contemporâneo.
Portanto, acho a tipificação blogosférica feita por JPP paupérrima e sem qualquer potencial explicativo. Além de errada naquelas proporções. Certamente, que há muita inveja no espaço virtual, pura canalhice (de que até eu já fui vítima), parasitismo intelectual, maledicência, etc, etc.. Tudo isso ocorre diáriamente no ciber-espaço. E à velocidade da luz.
No fundo, a blogosfera é uma extensão da vida real, no melhor e no pior sentido, em todo o seu esplendor - como não poderia deixar de ser. Ela é feita por homens e mulheres com motivações boas e menos boas, e em cujas veias corre sangue, e não tinta da china.
Espero, agora, que por discordar do douto JPP e das suas pobresinhas qualificações em matéria de sociologia da blogosfera - ele entenda que eu - e outras pessoas como eu - não sejamos qualificados de intelectuais mesquinhos, amadores e maledicentes.
Técnicas e métodos de agiprop a que o próprio Pacheco Pereira, não raro, recorre quando pretende atacar o governo (só porque lhe cabe agora esse papel na oposição). Sem êxito... Quem diz o governo, diz qualquer outra entidade ou pessoa que discorde dele.
Um exemplo para se comprovar que aqui não vendo banha da cobra: as tretas que Pacheco Pereira tem dito, teorizado e filosofado acerca do PC Magalhães (que é uma discussão estéril) inscrevem, naturalmente, a forma mentis maliciosa de JPP na casa dos (tais) 99%.
Como não vou editar nenhum livro cuja apresentação esteja a cargo do douto Pacheco sou livre de dizer e escrever o que penso, ao invés de muitos "livre-ó-logos" que proclamam (também) alguma falta de autenticidade da existência. Para esses também faz falta um espelho...
Bem prega Frei Tomás...
Ao JPP - apenas digo - citando o Eclesiastes: E tudo é vaidade e vento que passa...
Obs: A Microsoft vai fazer um software para o Magalhães. Resta-nos aguardar até que Pacheco Pereira faça mais um artigo no pasquim da sonae a dizer que aquilo não serve porque os amblíopes não o conseguem manipular.
Aguardemos...