Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
sábado
A Rússia de Putin. A lei de Parkinson da segurança nacional. Notas dedicadas à jornalista Anna Politkovskaya. Dois vídeos..
A senhora na imagem abaixo chamava-se Anna Politkovskaya, autora do livro sinalizado acima. Uma mulher corajosa, determinada e competente. Por essas razões as ditaduras mandam abater pessoas deste calibre, por serem inconvenientes ao regime, ou ainda por denunciarem crimes directa ou indirectamente cometidos pelos seus principais titulares. Anna foi abatida no elevador do prédio onde morava, a sangue frio. Presume-se que o alegado mandante seja o mesmo personagem que esta semana mandou as tropas russas invadirem a Geórgia, país vizinho da Rússia e que ao tempo da Guerra Fria e do ex-império Soviético integrava mais um dos países satélites que prestavam o seu tributo a Moscovo, pátria do comunismo mundial que pretendia impôr ao mundo um modelo de sociedade, de economia, de política e até fazer emergir um novo homem - que passaria a dar cartas no mundo segundo as lentes russas soviéticas. É óbvio que tudo isso foi uma farsa montada para colonizar e explorar povos, saquear riquezas, anexar territórios e integrar tudo isso numa massa de poder, influência e autoridade rentabilizada por Moscovo - com o fito de não só destruir os EUA como também eliminar o mundo Ocidental - cujo padrão de vida e quadro de liberdades sempre teve mais e melhor para oferecer ao Homem. Mas por que razão surge agora esta patada da Rússia sobre a Geórgia, violando todas as regras do Direito Internacional, matando, saqueando, violando, humilhando? Para além da maldade intrínseca das pessoas que não passam de uns criminosos de Estado, há que obter uma explicação simples que justifique mais este crime de Estado cometido pela Rússia no 1º quartel do séc. XXI. Trata-se de uma espécie de Lei de Parkinson da segurança nacional, i.é, o sentimento de insegurança de uma nação aumenta na razão directa do seu poderio. Ora, a Rússia, em virtude de ter engordado a sua economia nacional, aumentado a sua riqueza em função da exportação de petróleo (que está em alta) e gás viu reforçadas as suas capacidades para reinvestir no aparelho militar, que ficou mais agressivo e hegemónico na região do Caucaso. Uma região onde a Rússia não abdica de ser o patrão. Como se quisesse (ainda) demarcar as suas zonas de influência, típicas da Guerra Fria e de condomínio mundial - que até à queda do Muro de Berlim a ex-URSS e EUA repartiam entre si - ante a impotência humilhante da Europa. A mesma Europa a que Henry Kissinger perguntara quantas divisões militares tinha... Estando a Rússia mais rica, mais forte militarmente é natural que fique mais agressiva e expansionista. A Geórgia fica alí mesmo ao lado, inofensiva e fraca. Depois, os ossetas e os abcases mais os mercenários chechenos fazem o trabalho sujo: violações, roubos, assassínios.. Todo o tipo de crimes tem a chancela de Putin - que finge desconhecê-los para mais fácilmente impôr a sua hegemonia na região e mostar ao mundo que o caucaso é a sua coutada.. É tudo tão claro, clarinho como a água. Quanto maior e mais poderosa for uma nação, mais as suas elites, lideranças burocráticas, aparelho militar, complexo militar-industrial (que ainda existe!!!), alta administração e até a população em geral - pretende elevar o seu nível de vida, que passa por mais e melhores aspirações em matéria económica, social e política. Além da restauração do antigo prestígio imperial que aumenta a auto-estima de todos os grã-russos. Aos nacionais dos pequenos países, como são os georgianos (e até ucranianos) - apenas lhes resta concentrarem-se na preservação da sua independência que, até que os criminosos russos abandonem o seu território, não passa de uma questão formal. Aqui a Nato também foi humilhada, e os EUA - longe e em eleições, portanto, paralisados, pouco mais podem fazer senão declarações de princípio advertindo que a Rússia não entrará na OMC e poderá ser convidada a sair do G8. Tudo peanuts para Putin e o seu consorte, o idiota Medvedev. Numa palavra: nesta nova invasão são bem conhecidos os criminosos e os inocentes. Putin e seus sequazes integram o grupo daqueles, a população da Geórgia, lamentavelemente, integra o grupo das vítimas inocentes a quem já foram ceifadas - gratuitamente - milhares de vítimas. E em inúmeros casos - da forma mais ignóbil. Estou para ver qual vai ser o Tribunal Penal Internacional capaz de julgar mais este crime, e a forma escolhida de se reparar os danos às respectivas vítimas. Infelizmente, os resultados são, antecipadamente, conhecidos: T. Hobbes e Raymond Aron continuam a ter razão. No sistema de relações internacionais a força ainda é a regra e aqui o crime continua a compensar escrito a linhas de sangue.
Notas dedicadas à memória de Anna Politkovskaya, uma jornalista abatida pelo regime autocrático de Putin.
Mock execution - são os métodos a que o regime russo recorre para amedrontar e torturar as pessoas que não alinham com a ideologia e o programa do ditador, ainda que disfarçado de democrata para consumo internacional.
A mock execution is a method of psychological torture, whereby the subject is made to believe that he is being led to his execution. This usually involves blindfolding the subject, making him recount last wishes, or making him dig his own grave, and sometimes it can go as far as forcing the victim to watch a single or multiple real executions taking place under the same circumstances to make the victim believe he or she is next [...].
Depois de saber tudo isto o Ocidente ainda se senta à mesa e negoceia com estes indivíduos...
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