terça-feira

Como uma certa esquerda em Portugal comenta a pré-morte política de Fidel Castro. Comovente

As democracias não devem tratar com brandura os ditadores como Fidel castro que matou e mandou matar concidadãos por mero delito de opinião e tem ainda milhares de cubanos encarcerados nas masmorras de Cuba só porque discordam do destino que Castro deu à revolução cubana desde que desceu a Sierra Maiestra em 1959 - para depôr o homem-de-mão norte-americano, Fulgêncio Baptista - que então fazia da ilha um território para negociatas de multinacionais do Império, um centro de prostituição para "yanquis" e um espaço de lazer para as pessoas que demandavam a ilha pela Florida - para alí se divertirem nos casinos e com a miséria cubana.
Castro, volvidos mais de 40 anos após a revolução cubana, deixou um país paupérrimo, sem economia, sem distribuição, com imensa prostituição, em inúmeros casos as mulheres prostituem-se com a cumplicidades dos maridos que, assim, têm uma fonte de receita para sobreviver, sem as ligações económicas e comerciais a Moscovo. Cuba é hoje um sub-produto da história degradada do séc. XX e do resultado a que chegou a Guerra Fria - com a agravante de ter o seu ditador ainda vivo impedindo, dessa forma, uma sucessão democrática e saudável - para um regime pluralista e multipartidário com liberdades civis e políticas que nunca existiram na ilha.
Desta feita, só o facto de Fidel ainda existir todo o aparelho militar se sente acossado para manter o poder, os privilégios e os chamados centros de comando para evitar desvios democráticos e assegurar a continuidade da ditadura. Perante isto o que diz as esquerda em Portugal:
1. O PCP de Jerónimo diz que é natural e previsível Castro renunciar ao cargo de Presidente do Conselho de Estado e de comandante-em-chefe, pugnando pela continuidade da revolução socialista porque é essa, segundo o pcp, que tem feito "bem" aos cubanos (a leitura é minha);
2. Louçã do BE, ainda de forma mais cínica, refere que Cuba enfrenta agora novos desafios internacionais. Um dos quais, e aqui até concordo, é o de cessar o embargo à ilha que tem privado milhões de cubanos do acesso a bens e equipamentos necessários à sua vida.
Mas será que a esquerda portuguesa, sobretudo o pcp e o BE, não aprenderam nada com a história!? Se aprenderam porque não reconhecem essa ditadura e os efeitos nocivos que tem tido no povo cubano, assim como o Chile sofreu às mãos do ditador (de direita) Augusto Pinochet - que já lá está, graças a Deus?!
Esta incoerência, esta incapacidade e alienação de certa esquerda em reconhecer os factos da história só porque desagradam ou enfraquecem a sua posição ideológica, é meio caminho para o autismo. E se, intra-muros, criticam o PM por ser autista, por viver num país que não existe, e nuns casos até o fazem com certo fundamento social, conviria que não fossem, eles próprios ainda mais autistas ao não reconhecerem que Fidel foi uma mancha na história política contemporânea que atravancou a modernização e o desenvolvimento social e espiritual do seu povo neste último meio século.
Não me esqueço - por razões outras - que um conjunto de cubanos esteve em Portugal a trabalhar, e a uma ou duas semanas de regressar a Havana foram comprar iogurtes que guardavam debaixo da cama - na esperança de que os mesmos iogurtes pudessem chegar em condições a Cuba ao termo desses dias.
Isto explica-se pelo seguinte: é que um cubano tem de trabalhar um ano para ter dinheiro suficiente para comprar um frigorífico, e como a maior deles não dispõe de tão sofisticado electrodoméstico resta-lhes guardar os produtos debaixo da cama...
Esta, entre milhares doutras histórias, foi a maldade que o ditador Fidel Castro fez aos seus concidadãos. Tudo, claro está, em nome da revolução socialista, depois comunista e, mais tarde, oportunista que visou servir meia dúzia de apparatchics do regime ligados ao sector militar que ainda hoje impõe a lei à força da bala naquela maravilhosa ilha entregue a uma dúzia de bárbaros.
Desejo que a história julgue essa canalha no poder à meio século (que ainda julga que a Guerra Fria existe) conforme merecem...