domingo

As Escolhas de Marcelo. Só faltou citar James Burnham...

Apreciei hoje ver Marcelo evocar John Kenneth Galbraith, ex-embaixador de J.F.K. na Índia e um dos maiores economistas do séc. XX - e o papel de teorizador que teve ao sistematizar o conceito "Tecno-estrutura" no seio das empresas, por vezes mais importante do que os próprios accionistas que a parasitam e de que o caso Paulo Teixeira Pinto no bcp foi um exemplo lamentável, a ser verdade a escandalosa indemnização que recebeu após ter sido jogado pela janela no bcp pela mão do seu próprio mentor, Jorge Jardim Gonçalves, o velho jaguar, hoje um homem só, um homem-cato..
Contudo, sempre pensei que após, ou antes de J.K. Galbraith, o dito analista também evocasse James Burnham, que foi quem viu que o Poder passou a ser assumido por uma minoria que não detinha os chamados meios de produção, nem representava a massa dos trabalhadores, nem sequer pertencia à elite dominante, mas, ao ocupar o Poder pôde utilizá-lo como bem entendeu, sacando aí os seus benefícios sociais.
Foi esse mesmo James Burnham, autor The Managerial Revolution - que Marcelo deveria ter citado e não citou - que sustentou toda a teorização seguinte, ou seja, que a burguesia capitalista que Marx tinha em mente, e foi a elite política do séc. XIX, havia sido substituída - nas sociedades industriais (e por maioria de razão, nas instituições financeiras) - pelos tais managers, a tecnoestrutura, os organizadores que, hoje, a ser verdade aquela indemnização a P.T.Pinto - são os agentes na empresa dotados de maiores skills a ponto de se permitirem apropriarem de grande parte das mais-valias accionistas a que estes nem sequer têm direito.
Ora, tem sido essa agressividade de abutre e de parasitagem por parte dos gestores de topo do bcp, que tem insurgido o Comendador Joe Berardo - que quer, e bem, limitar drásticamente o nível dos salários desses gestores - que não são detentores da propriedade dos meios de produção, apenas formam um grupo animado pelo bom salário, que no bcp têm sido verdadeiras aves-de-rapina (aos accionistas e aos clientes) e a que urge pôr termo.
Por outro lado, Vitor Constâncio deu umas explicações insuficientes e obnibuladas na AR e, com isso, numa lógica ostensivamente defensiva e quiça comprometida, gerou ainda mais instabilidade e turbulência no mercado financeiro e nas relações do BdP com o bcp e demais agências de supervisão. Sem o pedir marcelo comportou-se como Ribau Esteves da RTP: a demissão do Governador do BdP. Mas que grande isenção e pluralismo...
Também comentou o "azar" das declarações do líder do seu partido, Meneses que reivindicou mais e melhores boys para as cidadelas da resistência laranja nas principais antenas do sistema de comando político-mediático em Portugal. Mas Marcelo, por se achar o melhor analista, o mais isento e pluralista, disse que Meneses não tinha razão porque o psd é aquele partido que se tritura a si próprio a grande cadência. E é verdade, pois não há em Portugal nenhum outro partido tão fratricidade quanto a praxis da Lapa tem demonstrado. Todos "fazem a cama" uns aos outros, por vezes de forma verdadeiramente lamentável, para não dizer desprezível.
A forma como o ventrícolo de Gaia compprou os votinhos ao "menino-guerreriro" para destruir políticamente MMendes é um desses indicadores fratricidas que demandaram a Lapa e que Marcelo também conhece bem. Como analista e como político (frustrado).
Quanto à Maria Flor Pedroso deixo aqui uma nota: está cada vez mais bonita, o preto faz milagres.