quarta-feira

Amizade-cão

Entre humanos, a amizade fundamenta-se em padrões que a diferenciam quer das falsas aparências quer do mero companheirismo. Era Aristóteles que dizia que a amizade não pode existir entre crianças e adultos porque apenas é possível entre iguais e entre aqueles com a sabedoria e a vontade necessárias para satisfazerem as suas exigências. Desta feita, Aristóteles teria "caído da cadeira" se cá regressasse hoje e confirmasse pelos seus próprios olhos da possibilidade, por vezes mais intensa e frequente, de a amizade ter lugar entre pessoas e animais.

Daqui decorre que também se fica a saber mais entre o homem se o analisarmos ou estudarmos através da sua relação com os animais. Mas onde é que estaríamos hoje, como questiona o prof. R. Gaita, se não houvesse lugar para o amor, a amizade, a lealdade, a devoção, a coragem, a bravura? Tudo, curiosamente, valores que estão hoje em processo de decadência acelerada. Talvez na razão inversa da subida do preço do petróleo que bate records todos os dias, para mal dos nossos pecados, do nosso Orçamento Geral de Estado (que cedo fica desactualizado) e dos combustíveis (e seus derivados, que são muitos).

Mas o ponto é este: certos animais, em particular cães, que deve ter sido o animal de eleição de Deus, não são apenas companheiros, mas entendem as nossas expressões, ansiedades, dores e até pensamentos. Nesta óptica, não me admiraria que amanhã aparecese para aí um Manuel Damásio II, de preferência a fazer investigação no burgo, dizendo que - doravante - o cão tem capacidades reflexivas.

Se assim for aquela expressão - Ele soltou os cães (para tramar alguém..., talvez algum sindicato) deixa de fazer sentido. Qualquer dia ainda veremos um "cão" a liderar a oposição em Portugal, e bem precisamos!!!