quinta-feira

António Costa e a serenidade Urbana.

CML: António Costa descarta criação de «Chinatown» na Baixa
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, classificou hoje de «absolutamente estranha» a criação da «Chinatown» na Baixa lisboeta e assegurou que esta possibilidade «não está na agenda da autarquia, nem sequer na agenda de ponderação».
«Não está no meu espírito nem no espírito da Câmara uma iniciativa desse tipo que aliás me foi referida, não por Maria José Nogueira Pinto, mas pela Associação de Comerciantes Industriais Chineses que, durante a campanha eleitoral me transmitiram que gostariam de uma iniciativa desse tipo, mas não está neste momento na nossa agenda, nem sequer na agenda de ponderação», declarou António Costa no final de uma audiência com o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, em Belém.
O presidente da autarquia reagia assim às declarações de Maria José Nogueira Pinto na edição de sábado do semanário Expresso, segundo as quais admitia pretender «travar a proliferação das lojas chinesas» na Baixa-Chiado «porque se continuam naquele território nunca mais vai ser possível deitar mão ao pequeno comércio».
A propósito do projecto de reabilitação da Baixa-Chiado, António Costa esclareceu que «nesse projecto é absolutamente estranha a ideia da criação da «Chinatown».
«Não tem nada a ver com o projecto da Baixa-Chiado e não devemos misturar as ideias pessoais de Maria José Nogueira Pinto sobre essa matéria com um projecto relativamente ao qual ela esteve ligada e que poderá vir a estar ligada no futuro, se aquilo que a Câmara entender justificar a criação de uma unidade de projecto», referiu.
O ex-ministro da Administração Interna esclareceu ainda que o projecto da Baixa-Chiado foi a seu pedido devolvido pela Assembleia Municipal à Câmara para ser apreciado e distribuído aos vereadores para que, oportunamente, possa ser fixada a metodologia de reapreciação do projecto da Baixa da cidade.
Mas «são muitos 'se' e nenhuma relação com o tema »Chinatown«; isso é a opinião pessoal de uma pessoa que naturalmente está sujeita ao debate público mas não compete ao presidente da Câmara comentar todos os debates públicos que existem na cidade de Lisboa», concluiu.
Entretanto, as declarações da ex-vereadora do CDS-PP na Câmara de Lisboa mereceram fortes críticas do Bloco de Esquerda (BE), que rejeita Maria José Nogueira Pinto para coordenar o projecto de reabilitação da Baixa-Chiado.
Também a União das Associação de Comércio e Serviços (UACS) manifestou dúvidas sobre a legalidade de medidas destinadas a concentrar as lojas chinesas numa «Chinatown».
A SOS Racismo foi ainda mais crítica ao acusar Maria José Nogueira Pinto de querer desenvolver uma «limpeza étnica», ao propor o controlo das lojas chinesas e a criação de «um gueto».
Diário Digital / Lusa 13-09-2007 15:01:00
Obs:
António Costa - com o realismo e a ponderação que se lhe reconhecem, esteve bem e serenou os espíritos mais exaltados, ainda que cada vez que Zezinha fale é como se um elefante escapasse dos portões do Zoo de Sete Rios, alguma turbulência se gera na cidade.., evitável, de resto
Zezinha tem, pois, de ser mais comedida nesse circo mediático que faz em torno das suas palavras, ela não está num comício do Largo do Caldas a dissertar sobre imigração, nem na Maternidade Alfredo da Costa a falar de nasciturnos, nem na Misericórdia a falar das receitas do jogo, nem, por último, a lidar com o Paulo Portas naqueles comícios ofensivos e improdutivos que até envolvem ameaças físicas, ainda que os produtos vendidos nas lojas made in China tenham, de facto, pouca qualidade e são pouco recomendáveis à bricolage caseira.. Eu, por exemplo, já apanhei choques eléctricos com aqueles produtos, mas como sofro do coração, a coisa acabou por ser positiva. Por isso, só terei a agradecer aos chineses...
Mas deve ser o critério do mercado e da racionalidade económica a decidir como ele funciona, e não ser gerido de forma administrativamente pelos desabafos discriminatórios de Zezinha. Animados, porventura, por algum preconceito étnico convergente com as ideias sobre o tema expressas o ano passado pelo Alberto João da Madeira, ante o silêncio cobarde de MMendes, lider do PsD.
Além de que a cidade de Lisboa, ao contrário da de Nova York , presumo, não se constituíu em torno de bairros assentes na imigração que fez a história The Big Apple: Chinatown, Little Italy, Soho, Greenwich Village (zona dos intelectuais e artistas), TribeCa, Central Park, etc.
Creio que Lisboa não arruma por sectores o comércio proveniente das etnias que fizeram a história da imigração de NY. Mas mesmo no caso de Lisboa, a partir de 2009, creio que será do interesse da boa gestão e da planificação da cidade e da previsibilidade dos seus munícipes - equacionarem a possibilidade de se planear uma nova modalidade de organização das actividades económicas, até porque isso só aproveitará os comerciantes e os consumidores.
Mas esse critério nunca deverá ser de raíz étnica ou rácica, mas sim resultante da boa gestão para os interesses da Capital e da qualidade de vida dos seus munícipes, inclusivé dos imigrantes que cá trabalham, cá descontam os seus impostos e cá vivem.
Até porque o próprio edil da cidade sabe, por maioria de razão, que um dos lemas de boa gestão e práticas governativas das cidades mais desenvolvidas do mundo observa a regra - todos diferentes, todos iguais. Regra que também deve ser assegurada, por maioria de razão, na racionalização da própria actividade económica.
Mas seria interessante pensar nisso após 2009..., já que a coisa foi a pedido da própria Associação dos Comerciantes Industriais chineses. Talvez nessa altura os interesses sectoriais de uns e os interesses globais da Capital se harmonizem em prol do bem comum.