A surpresa de Cavaco. Algo aqui está batendo mal...
Cavaco Silva surpreendido com afastamento da directora do Museu de Arte Antiga
04.08.2007 - 19h36 Lusa
O Presidente da República, Cavaco Silva, manifestou-se hoje surpreendido com a não renovação da comissão de serviço da directora do Museu Nacional de Arte Antiga, considerando que o trabalho de Dalila Rodrigues foi "muito meritório".
Cavaco Silva, que falava à margem da inauguração do arquivo municipal de Loulé, levantou a questão da falta de quadros qualificados do Estado para questionar se podemos o país se pode dar ao “luxo de prescindir dos que revelaram já as suas altas qualificações e que deram provas das suas responsabilidades".
"Fiquei muito surpreendido com a notícia, porque conheço muito bem o trabalho da dra. Dalila à frente do Museu Nacional de Arte Antiga", afirmou, ressalvando que "o Presidente da República deve ter cuidado com as palavras", nomeadamente porque poderá "não estar na posse de todos os elementos" para fazer uma avaliação sobre o caso.
Na quarta-feira, o director do Instituto dos Museus e Conservação (IMC), Manuel Bairrão Oleiro, comunicou a Dalila Rodrigues que a sua comissão de serviço não seria renovada, justificando a decisão com a discordância da responsável do actual modelo de gestão dos museus nacionais, tutelados pelo IMC, e por ter exigido condições para continuar no cargo, nomeadamente a autonomia financeira e administrativa.
A decisão do IMC motivou críticas do CDS-PP e do PSD e a realização de uma vigília de protesto junto ao Museu de Arte Antiga. Por sua vez, 16 directores de museus nacionais subscreveram um abaixo-assinado em que põem em causa as declarações e posições de Dalila Rodrigues.
Paulo Henriques, actual director do Museu Nacional do Azulejo, sucederá a 1 de Setembro a Dalila Rodrigues à frente do Museu de Arte Antiga". Obs: Estou em crer que aqui o critério que cilindrou a Dalila não teve a ver com o seu mérito, mas sim com uma discordância política punida pela tutela. Isto coloca-nos um problema de liberdade política em sede de democracia representativa: poderá um agente da alta administração discordar duma orientação política superior e, ao mesmo tempo, manter-se no cargo, mesmo com trabalho político de relevo?! De facto, o PR tem razão, pode haver aqui inside information que poderá revelar algo mais do que o que a situação aparenta. Seja como fôr, este princípio não é saudável, pois o critério do mérito deverá preceder qualquer outro, até porque a crítica ao poder só o fortalece, e o poder até deveria agradecer qualquer crítica fundamentada, em muitos casos evitaria erros maiores com perdas de recursos públicos verdadeiramente lesivos para o erário público. Cuide-se, pois da Dalila - que é uma flôr (que se cheira, será!!??). We shall see...
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