sábado

A filosofia política: o décalogo de Bertrand Russel e o décalogo de António Costa. Uma similitude interessante

Nota prévia:
Só muito pontualmente a filosofia e a política dão as mãos para resolver problemas da polis. Deveria ser a regra, já que a acção reclama reflexão prévia. Mas a pressão do tempo e a impreparação dos políticos contemporâneos e a sua falta de visão sistémica está na origem desse divórcio da filosofia com a política. Há, contudo, excepções - que se podem aferir se compulsarmos este décalogo de Bertrand Russel com o decálogo de António Costa, suas primeiras 10 medidas se for eleito edil da capital - que se podem ver aqui (link), e que já sistematizámos num post infra.
Decálogo de Russel:
Russell propôs um "código de conduta" liberal baseado em 10 princípios, à maneira do decálogo cristão. "Não para substituir o antigo", diz Russell na sua autobiografia, "mas para complementá-lo".
Os dez princípios são:
1. Não tenha certeza absoluta de nada. 2. Não considere que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz. 3. Nunca tente desencorajar o pensamento, pois com certeza você terá sucesso. 4. Quando você encontrar oposição, mesmo que seja de seu marido ou de suas crianças, esforce-se para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória. 5. Não tenha respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas. 6. Não use o poder para suprimir opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões irão suprimir você. 7. Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas. 8. Encontre mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se você valoriza a inteligência como deveria, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda. 9. Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar escondê-la. 10. Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso."