segunda-feira

O "16" de Marcelo...

Doravante, quem quiser "sacar" um 16 de Marcelo basta ter uma determinada posição enquanto governo, outra na oposição. MMendes obteve o 16 porque ilustra exemplarmente esta teorização. No governo Cavaco, Santana e Barroso ele nunca se opôs à opção Ota, uma vez na oposição é o que se sabe, até aparece na outra banda enquadrado por mapas e antenas que faz lembrar o Anthímio de Azevedo a apresentar o Boletim Meterológico na década de 70 na transição para os anos 80 - ainda com a tv black & white...
De facto, Marcelo terá de ser menos categórico e exagerado nestas notas infundadas, porque assim até os seus alunos começam a desconfiar. E os telespectadores só o toleram porque estão ansiosos que a Flor Pedroso diga boa noite para dar entrada aos Gato Fedorento - de que Marcelo já disse ser um aperitivo, e às vezes nem isso.
Todavia, este 16 de Marcelo a MMendes evoca-me, por analogia, outro episódio bem mais interessante e com potencial intelectual, creio. Uma discussão histórica entre os "neomaquiavélicos" e os "neomarxistas": aqueles conferem relevância aos factores políticos; estes concedem importância aos factores económicos. Para aqueles o fenómeno primordial é o poder, e não a propriedade - como supõe a tese marxista.
Portanto, os factores políticos contam tanto quanto os factores económicos, mas os marxistas detestam esta leitura porque ela aplica-se mal às sociedades ocidentais, mas admiravelmente bem à sociedade da ex-URSS. Mal comparado, não percebi como Marcelo pode aferir da conduta de MMendes - que literalmente tem andado aos paus na questão do aeroporto - e atribuir-lhe um 16.
Se calhar é mesmo porque mudou tanto em tão pouco tempo. Já agora, que nota Marcelo daria aqueles líderes partidários que querendo fazer alianças (artificiais) com o CDS de Portas acabaram, retrospectivamente, a mergulhar no Tejo.
É a vida, como diria Guterres...
  • PS: Chego a pensar que Marcelo deu um 18 a Augusto Mateus para que o 16 de Mendes passasse despercebido, mas...