segunda-feira

Gorbachev tem razão. Que será feito do mapa que ele tinha cabeça...

(in Expresso, Pedro Chaveca)
Numa entrevista dada à BBC o político que internacionalizou palavras como “Perestroika” ou “Glasnost” culpa os EUA por estarem a degradar as relações entre a Rússia e o ocidente.
Segundo Mikhail Gorbachev os políticos americanos não olham a meios para defenderem o seu império e estão a arrastar o Reino-Unido com eles, sendo a guerra no Iraque o maior paradigma dessa loucura neo-colonialista, “perdemos 15 anos desde o fim da guerra-fria, mas o ocidente e em particular os EUA, ficaram inebriados com o sucesso do império que estavam a criar”.
Gorbachev acusa ainda os EUA de estarem a tentar retirar a Rússia do panorama político mundial e apela aos britânicos para darem uma pequena aula de história aos americanos, “digam-lhes para não pensarem no império, nós sabemos que no fim os impérios acabam sempre por se dissolver. Se assim é para quê criar mais esta confusão”.
Guerra-morna
Numa altura em que Vladimir Putin ameaça apontar mísseis, alguns com ogivas nucleares, à Europa, caso os EUA não desistam da instalação de um escudo anti-misseis na Polónia e República Checa, os ventos gelados da guerra-fria parecem querer soprar novamente.
É contra este cenário que dividiu o mundo durante décadas que Gorbachev se debate e lembra que as relações com Londres foram sempre as melhores, “Tony Blair e Putin estabeleceram um relacionamento muito cordial, mas depois veio o Iraque e Tony foi engolido pelo monstro militar e perdeu a sua credibilidade na Europa e no mundo”.
Pouco optimista, Mikhail Gorbachev, reforça que o relacionamento entre o ocidente e a Rússia “está pior do que esperava” e acredita que o braço de ferro entre Moscovo e Londres pela extradição do alegado homicida de Alexander Litvinenko, também terá ajudado à criação de mais tensões.
com agências
Obs: Gorby revela nesta análise bom senso e memória histórica, mas ficava-lhe bem que não omitisse (porventura, por lapso) a tragédia que desencadeou tudo o que veio depois, e isso tem nome: 11 de Setembro...
Quanto à instalação do escudo anti-mísseis norte-americano e à putativa resposta de Putin...lembro-me quando há 20 anos estudei essas merdinhas da Guerra Fria pelo livro de Raymond Aron - Paix et Guerre.., André Fontaine, J. B. Duroselle, Pierre Renouvin e outros clássicos da política internacional e da história diplomática - entendia-se sempre que os maus eram os russos soviéticos, hoje, volvidos esses anos todos - e com um mentecapto como locatário na Casa Branca, até chego a pensar que g.w. Bush é uma versão rasca de Nikita Kruschev recauchutado por Leonidas Bresniev. As voltas que a história dá...
Ainda veremos g.w. Bush a tirar o sapato e a bater com ele no púlpito das Nações Unidas - ladeado pela arrastadeira do Tony Blair a tapar o nariz com o pivete alí gerado...