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Cavaco Silva faz um excelente discurso no dia de Camões

Dia de Portugal: Presidente da República diz que não se resignará às dificuldades do país
10.06.2007 - 13h01 Lusa O Presidente da República insistiu hoje no apelo ao inconformismo e prometeu, ele próprio, não se resignar às dificuldades do país e "aos fracos níveis de crescimento económico", na sessão solene do Dia de Portugal, em Setúbal. Aproveitou ainda para anunciar que o próximo roteiro, dedicado à ciência, insidirá sobre as ciências e tecnologias do mar.
"Não me resigno", repetiu Cavaco Silva na cerimónia no edifício do Porto de Setúbal, perante uma plateia de centenas de pessoas, e a poucos metros, no palco, do primeiro-ministro, José Sócrates.
"Tenho repetido várias vezes que não me resigno à passividade perante os indicadores persistentes do nosso atraso em relação aos parceiros europeus", afirmou.
De seguida, deu os exemplos das áreas em que não se resigna: "Não me resigno aos fracos níveis de crescimento económico, ao abandono escolar preocupante, à pobreza e exclusão social de tantas famílias, à escassa dimensão das componentes científica e tecnológica do aparelho produtivo", exemplificou.
Preocupado, e com a promessa de não se resignar, está igualmente Cavaco Silva com os "sinais de degradação do ambiente, património cultural".
Há um ano, nas comemorações de 2006, no Porto, Cavaco Silva pediu aos portugueses para não se resignarem às dificuldades porque "seria indigno" do passado de Portugal, "um desperdício" do presente e "o adiar" do futuro.
Na cerimónia está presente grande parte do Governo, incluindo o titular das Obras Públicas, Mário Lino, autor, há duas semanas, das polémicas declarações em que comparou a margem sul do Tejo a um deserto, recusando a hipótese de construir o novo aeroporto, previsto para a Ota.
Obs: Tirando este último parágrafo relativo ao sr. Lino, que serviu apenas para pôr os tugas a rir e gerar um momento de humor e hiper-criatividade em Portugal, Cavaco Silva fez um discurso excepcionalmente bem conseguido, na forma e no conteúdo. Uma narrativa portadora de futuro, oxalá o governo, a sociedade, o empresariado - todos os agentes sociais e económicos - possam valorizar este desígnio a bem do conjunto nacional.
Portanto, o PR está de parabéns, o seu Chefe da Casa Civil, José Nunes Liberato, certamente que também deu um forte contributo para a sua elaboração, e a ideia de apostar no Mar e nas suas actividades - uma ideia que tem vindo a ser sublinhada por Ernâni Lopes - também me pareceu um excelente sinal desse desenvolvimento sustentável.
Levar alguns desses pressupostos à prática será, porventura, o mais importante. Esperemos que Camões ajude...