Por que razão não usaram lenço? Mais um Editorial do Jumento
Os editoriais do Jumento deveriam servir para inspirar as rotinas domingueiras de Marcelo, as manchetes do Expresso, do Sol, as alienações dos fóruns da tsf e conexos...
Confesso que já vi algumas vezes Belmiro e Paulo Teixeira Pinto irritados, mas nunca os vi assim, de dedo em riste no armazém dos macacos. A pergunta que me coloco é: por que razão não usaram o lenço...
As opas lançadas pela Sonae sobre a PT e pelo BCP sobre o BPI ensinaram-me mais sobre o capitalismo à portuguesa e os valores dos nosso empresários do que o muitos anos de estudo e observação. Só não fiquei desiludido porque nunca estive iludido e se tirei muitas dúvidas também confesso que fiquei com algumas, depois de tudo aquilo a que assisti pergunto-me a mim mesmo se os nossos empresários saberão comer à mesa.
Com a AG da PT quase voltámos aos tempos em que UEC e MRPP se engalfinhavam nas RGAs universitárias, os comunicados da Sonae para arrebanhar votos podiam muito bem ter sido escritos por Saldanha Sanches ou por Casaca, a postura do advogado durante a AG podia muito bem ter sido decalcada de qualquer dirigente da UEC, como Miguel Portas, ou, pior ainda, da Zita Seabra nos tempos do MJT.
E o que dizer das negociações feitas entre a Sonae com a Telefónica ou entre o BCP e o Santander com o património alheio? Fiquei a saber que era possível fazer negócios com o património alheio, a Sonae já tinha decidido entregar a Vivo à telefónica e o BCP já dividiu os balcões do BPI com o Santander. Talvez as regras seja estas, mas estes negócios parecem-me batota no Monopólio, dois jogadores concertam o negócio e dividem o património do terceiro jogador enquanto este se ausentou para fazer xixi.
Para Belmiro, que queria comprar a PT ao preço da uva mijona, os accionistas daquela empresa que se recusavam a vender as suas acções a preço de saldo eram mendigos, pedintes que estariam dipostos a fazer-lhe o jeito se lhes fossem dadas mais umas migalhas.
Pela forma como Belmiro e Paulo Teixeira Pinto usaram o argumento nacionalista percebi, finalmente, porque razão Portugal é um país independente, se D. Filipe III não se tivesse Designado D. Gaspar de Guzmán, que nomeou conde-duque de Olivares, entregando-lhe a gestão de Portugal, o duque de Bragança teria continuado no sossego de Vila Viçosa. Belmiro juntou-se à France Telecom e foi bucar o dinheiro ao Santander para assegurar que a PT continuasse portuguesa, ao mesmo tempo o BCP negociou com o Santander com o mesmo objectivo. Enfim, com um portuguesismo mais valia ser logo espanhol, sempre se poupavam os sacrifícios aos pobres, os únicos que partilham as desvantagens de ser português.
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