quinta-feira

Sociologia da Justificação - de Luc Boltanski -: sugestão a Souto-Moura

[...] En effet, même si Luc Boltanski s’est nourri à l’école de Pierre Bourdieu, il se détache de la sociologie du « dévoilement » ; des « vraies » contraintes pesant sur les agents pour se pencher sur les éléments communicationnels, relationnels et pratiques qui rendent l’accord possible. (...) Boltanski est un des représentants par excellence de la sociologie pragmatique considérant que l’homme fait la « société » et que les acteurs sont compétents pour prendre position, juger, dénoncer, critiquer, en rendre compte … Cette sociologie s’oppose à la sociologie critique (seul le sens savant peut être critique et c’est la société qui fait l’homme) représentée entre autre par Bourdieu. En 1984, Boltanski fonde avec Laurent Thévenot le Groupe de sociologie politique et morale. Il écrit d’ailleurs avec celui-ci : « De la justification » (1991), ouvrage qui prolonge "La dénonciation".

[...]

O senhor que vemos ao centro naquela imagem é o sociólogo Luc Boltanski, um discípulo de Pierre Bourdieu mas que depois seguiu o seu caminho, dada a impossibilidade de com ele estabelecer um diálogo científico produtivo.

Apresentou um trabalho de sociologia da Justificação pública, e o Macroscópio lembrou-se automáticamente de Souto-Moura (tal como fazia acerca da Pink Phanter sempre que o vislumbrava em passada de ganso fugidio na Rua da Escola Politécnica) seguindo uma abordagem mais genérica acerca dos regimes de acção susceptíveis de caracterizar a acção dos indivíduos numa sociedade do espectáculo como a nossa.

Pouco importa aqui que tais investigações tenham intersectado a esfera económica, o que importa é que há pra aí uma nova zona do conhecimento que tomou como objecto de disputa comum as críticas e os problemas da justificação por parte das pessoas que intervieram em espaços públicos. Seja como ministros (do Salazar), do Caetano, do M. Soares, do Guterres... ou ainda como PGR e muitos outros cargos de responsabilidade pública cujas acções (ao tempo em que tiveram lugar (e à posteriori) - se tornaram alvo de explicação, (auto)justificação e até de críticas por parte dos outros membros da sociedade, porventura mais isentos e imparciais.

Certamente, que quando são os actores dos processos a falarem deles próprios temos "borrada pela certa": à cabeça, lembro-me já de alguns ministros do Salazar (que era superior a todos eles juntos) que por aí ainda andam a passear a surdez, dizendo-se o maior dos ministros, autores de geniais ideias, de grandes pacificações e de excepcionais construções intelectuais e doutrinas milagrosas. Depois, vai-se a ver e concluímos que sob suas ordens se mataram homens e mulheres, sob suas ordens Portugal regrediu décadas, sob suas balelas a história fica mutilada. É a velha treta dos discursos de auto-justificação que urge despistar e relativizar. Portanto, há que dar o devido desconto a esse "efeito restolho" na sociedade lusa - porque nunca devemos por o Souto Moura a falar da Justiça, nem os ex-ministros do Salazar a falar de política contemporânea. Doutro modo, calha-nos um José Hermano Saraiva pelo na rifa que nos vem dizer que Salazar foi um grande democrata, como fez há dois ou três anos num programa do Júlio Isidro, salvo erro. Nesse dia parti a omoplata, o fémur e o calcanhar de Aquiles, tamanho foi o trambolhão na sequência das declarações daquele conhecido historiador.

Se se persistir nesse erro grosseiro, lá teremos mais Prós & Contras em versão Maria Elisa, em que os maus da fita se lavam como OMO e Skip. Tudo visto e somado, sugerimos aos Soutos-Mouras que engrossam as administrações da fodações luso-americanas-orientais que por aí há e vivem da parasitagem do jogo e demais subsídios que o que eles pensam só tem fundamento no recicle bin de qualquer PC, e que, nesse caso, não valerá a pena perder tempo a ouvi-los nem sequer a vê-los. Souto Moura já tem livro para férias, mas não é o único. Mas é para ler, não para editar...

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